Quem sou eu

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Salvador, Bahia, Brazil
Tentado pela maçã que invade seu pseudo-espaço, angustiado pela irresolução que se lança sobre suas fantasias, instável como um big bang caótico, que se faz em uma rubra pincelada em um céu vazio, perdido de uma viagem eterna em um mar de consciência flutuante, eis o navio de cristal, eis três viajantes em um mesmo barco, tão frágil quanto a relatividade de suas emoções, sozinhos a buscar pelo ideal perdido, doce vicio, quanto ao qual é escrever sobre o que há de ser, pensar, fazer, sonhar e por fim realizar.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Perturbação


Eu sinto como se uma força muito forte tentasse todos os dias me corromper, me cooptar para as sombras, eu nasci bom, mas eu não sei até quando essa bondade vai residir intrínseca ao meu caráter, um anjo e um demônio moram dentro de mim, travam uma guerra que por vezes, posso sentir o baluarte dos sinos que ecoam e resvalam nas paredes do meu intestino, nos corredores do meu cérebro, uma guerra só tende a produzir efeitos negativos que se refletem na minha saúde mental, não sei por que ainda me mantenho racional, atento e saudável frente a essa guerra, um dos lados deve estar perdendo, mas sinto como se isso fosse infinito, por vezes o demônio tem a glória da vitória nessa batalha, por vezes me entrego aos prazeres mundanos tão repugnantes quanto à realidade que se faz presente no mundo em que vivo, por vezes sinto-me satisfeito, extasiado no prazer propiciado pela realização das minhas vontades instintivas, por vezes o isolamento se faz a alternativa em face das conturbações provenientes dos raios que se chocam nos meus lapsos de paranóia.
O mundo da imaginação é o mundo em que vivemos, atribuímos significados valorativos de cunho egológico com caráter dogmático como se fossemos deuses. Eu acho engraçado a lacuna que se estabelece entre o devaneio, e o que é propriamente real, uma piada, porque rir é a conseqüência do meu desespero e da minha felicidade, sorrindo eu esqueço o significado que permeia minhas impressões. A ironia é a minha ferramenta predileta, é subliminar e precisa, traduz a ausência de sentido inata à mortalidade, é influência ao hedonismo, é influência ao cultismo do que me dizem ser importante, a ironia é a prancha em que surfo nas ondas do mar do pais tropical que tenho tanto orgulho, eu não ouso por meus pés nesse mar sujo, muito menos amo esse pais, eu respeito ambos, muito embora não tenha motivos para isso.
Por vezes o anjo tem a glória da vitória, por vezes me surpreendo em face das minhas ações de benevolência frente ao próximo, eu poderia moldar a visão de cada um na realidade que fosse conveniente para a obtenção dos meus desejos, eu ajudo pessoas, eu relevo ofensas, eu tenho uma consideração natural por qualquer um que ouse interagir com a embalagem na qual me encubro, por vezes me sinto bem, completo e pleno, mas isso não se mostra suficiente frente a todas as circunstancias.
O sorriso de um homem em cujo o corpo, a metafísica, os anjos e os demônios travam uma guerra, se observado de perto, é composto por sangue, é esconderijo dos vermes que aguardam o apodrecimento da carne frente ao tempo, é também, objeto da memória de quem vivenciou momentos em que as cores deram a este sorriso uma significação verdadeira e feliz.
 Eu não torço para nenhum dos dois e por isso sigo o meu próprio caminho, sorrio e digo:
 - Que vença o melhor ou que lutem exaustivamente até o dia da minha morte, porque ela é a única coisa que não posso evitar, estamos condenados, ninguém merece mais isso do que nós.  
J. 

quinta-feira, 12 de abril de 2012

De verme a mosca.

Lado ruim; tentação, ganância, vaidade, violência, corrupção, apatia, luxuria, tenho tudo isso dentro de mim na ausência de amor, um grito que urge da dor que quero transmitir em seu aspecto literal a qualquer individuo que mesmo superficialmente pareça merecer; um soco, uma queda.  Incontrastável frieza freia-se no meu brando caráter,por conseguinte, se choca com a soberania da lua cheia.
E então um abraço mortífero da solidão que me seduz, frio na espinha, pêlos arrepiados.
Por um tropeço, por uma derrota, por tudo aquilo que não convêm, encontrei razões. O caminho da vida sob essa perspectiva se assemelha a uma cachoeira de mentiras, a qual para se manter vivo é necessário estar alinhado de forma paralela. A esperança por vezes se esvai, então o produto se torna motor de justificações sombrias. Decepções seguidas de reações, o único de jeito de continuar é seguir em frente.
Seguindo em frente, percepções diferentes da usual são bem vindas, quase não percebo a trilha que a pequena pastilha inocente traçou em minha garganta.
Bem vindo à violação; fruto da conduta de um povo, que agora treme frente a tal presença.  Não importa a quem não se sujou nessa lama, justificativas provenientes da ingenuidade. Amontoados nesse abismo de solidão fomentam unicidade de uma praga insolúvel e implacável; queimo e danço na marcha derradeira que me mantém vivo, sem chance para quem almeja um romance.
Minha mente cada vez mais próxima do que se conceitua como estado de loucura, amigos imaginários, distorções visuais, alargamento da percepção, impressões subjetivas. 
Então se formam asas de cicatrizes, uma armadura inviolável que possibilita uma viagem sem medo para qualquer lugar, só depois disso foi possível conhecer o lado “bom”.
Por fim, você percebe que a margem do que é real, bem como o que é propriamente real não lhe é suficiente, suas justificativas para o suicídio estão prontas, seu afastamento social está iniciado, resta o sinal do sinalizador vermelho que reluz no céu, máxima esperança para os perdidos no mar.

Ps: Antes que me perguntem, eu ainda não vou me matar, isso é só uma dessas bobagens que a gente escreve num momento ruim, lembrando de outros momentos ruins, é engraçado porque estou muito melhor agora, a lua cheia passou, levou com o mar revolto toda a confusão.
J.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Silêncio

Meu silêncio é hiato,
Meu silêncio é vontade
Meu silêncio é razão,
Meu silêncio é saudade.

É inquietude, é receio,
É casca e verdade,
Se estende ao infinito,
É barulho e grito.

É amor de mãe,
Proteção e cuidado,
É natureza e graça,
Violência e compaixão.

É bobagem e nostalgia,
É pensamento e oratória,
É essência e sentimento...
Baú de um sorriso inocente.

(Um abraço sincero destinado a meus leitores da Alemanha e dos Estados Unidos por suas visitas fieis; Avante Brasil!)
J.