Quem sou eu

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Salvador, Bahia, Brazil
Tentado pela maçã que invade seu pseudo-espaço, angustiado pela irresolução que se lança sobre suas fantasias, instável como um big bang caótico, que se faz em uma rubra pincelada em um céu vazio, perdido de uma viagem eterna em um mar de consciência flutuante, eis o navio de cristal, eis três viajantes em um mesmo barco, tão frágil quanto a relatividade de suas emoções, sozinhos a buscar pelo ideal perdido, doce vicio, quanto ao qual é escrever sobre o que há de ser, pensar, fazer, sonhar e por fim realizar.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

9 parágrafos, dias, sensações e bobagens que todo mundo já sabe

 Sensações viciam, eu sei um bocado sobre isso, é através de drogas, saltos, perigo e romance que igualamos os pássaros e por um momento voamos, o universo das sensações pode vir a ser um tanto quanto perigoso, pode mesmo.

 Eu mal posso enxergar o que escrevo, meus cabelos ficam na frente formando uma espécie de rede na frente da minha visão, tem gente que diz que vou ter problemas ópticos coisa e tal, mas foi uma escolha que fiz, a gente assumi mais um bocado de riscos quando ama também. 

 Tem dias em que só cigarros de filtro vermelho podem saciar aquela vontade ou pelo menos substituir “aquela” vontade, dias em que mentalizo até fixar aquele nome na minha mente pra poder sonhar, você sabe, nem sempre dá certo.  

 Tem um dia o qual eu espero a um longo tempo, mas às vezes penso que o dia daquele dia já passou, pode acontecer dele chegar, mas não por ser algo inevitável e sim premeditado. Dias atrás eu sonhei com ela duas vezes na mesma noite, sonhei mesmo.

 Eu não sou altruísta nem nada, nada com tom de sinceridade nessa palavra me defini, mas se tem uma coisa que eu queria para todos, é que tivessem a capacidade de entender o universo que envolve as palavras de quem quer que fale e cessar após isso, digo equalizar.

 Entender não é necessariamente algo que você faz depois de ouvir, certo dia um senhor veio a mim, só chegou perto, eu acendi seu cigarro e ele foi embora. Certo dia eu entendi que queria conhecer alguém que desenhava ao meu lado, entender também é sentir não é?

Enquanto a insistência me pressiona eu procuro o meu sonho de longe, bem, eu queria morrer em pé, esse tipo de coisa não é possível ou idiotice, diriam. Pense bem, em pé e coberto de cicatrizes no peito, nenhuma nas costas, isso é coragem de quem desafia o destino.

 Nesse mundo de quem escreve a distorção das palavras é o que dá sentido, como uma guitarra que persiste em uma nota, eu quero voar e minha distorção se lança na seguinte pergunta:

 Se você puder voar que parte do teu corpo seria o motor? A mente ou o coração? O perigo se lança sobre a sua escolha, sussurra pra si mesmo a resposta, ficou uma sensação no final? Se ficar, guarda bem fundo, se não, guarda esse vazio e alguém bem especial pra preencher.
J.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Três Impressões

Hoje não é um dia tão bom pra escrever, é muita incerteza e pouco sentimento, niilismo e nevralgia, ninguém entende muito bem quando escuta que urano entrou em escorpião ou que agora eu escrevo dois ao invés de um nos campos que interrogam a minha idade. Caralho! 20 anos, me torturei tanto com isso que agora estou me acostumando, pois bem, aquela história de pílula vermelha e azul é pura balela, é isso ai, são uns alienados em sua infinita ignorância e mais uns alienados em sua finita sabedoria, discordâncias entre os dois, desigualdades e abismos, cada um em sua zona de conforto, gozando aos sábados nas ruas incestuosas dignas de quem as frequenta ou lamentando em murmúrios a cerca de suas misérias, não vou desenhar todas as cenas, eu me abstenho.

 O que esta em extinção é o que enche os olhos de lagrimas, são aqueles que se limitam a mais pura realidade de seus mundos, sendo essa realidade; palpável ou fantasia. A originalidade é imutável em uma estrada sem curvas e encruzilhadas, volta e meia tropeçando em tripas que pertencem a outros, é caminho que se constrói com as próprias mãos, com suas próprias ferramentas, sob circunstâncias em que se pode agir por sua própria falta de moral, não é coletivista, nem muito sofisticada, é primitiva, brusca e autônoma, e então todo dia é semana de arte moderna, todo dia é dia de Darwin, viva a Darwin. Viva ao pequeno burguês, viva ao marginal, viva ao estado e as corporações.

 As linhas escritas durante um texto são por vezes invisíveis, parecem ter vida própria, você sabe, elas surgem e então estamos em outro lugar, que por vezes não queremos estar, indignados; apagamos. Eis meu espaço de alienação literária, eis a projeção das sensações e impressões experimentadas, em que a ereção sem porque da manhã, se imprimi na divagação sem direção da noite. Noite na qual o tempo, hoje, faz pesar os olhos. Depois de vinte anos a inocência parece ser irrecuperável, talvez por isso a gente queira amar e se inocentar no calor de alguém, e em tudo há beleza, tristeza, solidão. – Como você acordou hoje? - ela perguntou.
                        – Pronto pra amar de novo, me afogar no universo de quem me cativa. -respondi.
 Por desgraça acordei.
J.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

OBLUDA. KIERÁ NEMÁ SVÉ JMÉNO

  Há muito tempo existia um monstro sem nome. O monstro não suportava o fato de não ter um nome. Então ele decidiu sair em uma jornada para encontrar um nome pra si. Mas, por o mundo ser tão grande, o monstro se dividiu em dois e eles foram em lados opostos. Um foi ao leste, e o outro pro oeste. O que foi para o leste encontrou uma vila. Havia um ferreiro na entrada da vila. – Senhor Ferreiro, por favor, me dê seu nome! - disse o monstro.
                      – Não posso lhe dar meu nome! - respondeu o ferreiro.
                      – Se me der seu nome eu vou pular dentro de você e te fazer forte em troca! - disse o monstro, confiante.
                      – Mesmo? Darei a você meu nome se me deixar forte. - respondeu o ferreiro, cedendo à oferta.
  O monstro pulou para dentro do ferreiro. O monstro virou Otto, o ferreiro. Otto foi o homem mais forte da vila, mas um dia...
                      – Olhem para mim! Olhem para mim! O monstro dentro de mim cresceu tudo isso! - alertou, sobre um palco no centro do vilarejo e aos berros.
  Morde. Mastiga. Tritura. Engole. O monstro faminto comeu Otto de dentro pra fora. Ele voltou a ser um monstro sem nome. Embora tenha pulado dentro de Hans, o sapateiro... Morde. Mastiga. Tritura. Engole. Ele voltou a ser um monstro, de novo. Embora tenha pulado dentro de Thomas, o caçador... Morde. Mastiga. Tritura. Engole. Mais uma vez ele voltou a ser um monstro sem nome. Ele foi ao castelo para encontrar um nome maravilhoso. Dentro do castelo havia um garoto muito doente. – Vou te fazer mais forte se me der seu nome. -disse o monstro.
                     – Eu te darei meu nome se você puder curar minha doença e me fazer mais forte.                                                                                                          
  O monstro pulou para dentro do garoto. O garoto ficou bem saudável. O rei estava contente.                                                             
                     – O príncipe está bem! O príncipe está bem! - contente, disse o rei.
  O monstro adorou o nome do garoto. Ele também cresceu adorando sua vida no castelo, e por isso ele resistiu, mesmo estando faminto. Todo dia, mesmo quando seu estômago ficava bem vazio, ele resistia. Mas, quando ele ficou faminto demais... – Olhem para mim! Olhem para mim! O monstro dentro de mim cresceu tudo isso! - mais uma vez alertou.  
  O garoto comeu seu pai, seus servos, todos. Morde. Mastiga. Tritura. Engole. Por todos estarem mortos, o garoto saiu em uma jornada. Ele caminhou por dias. Um dia o garoto encontrou o monstro que foi para o oeste.
                     – Eu tenho um nome. É um nome maravilhoso.
  E então, o monstro que foi para o oeste disse:
                     – Eu não preciso de um nome. Sou feliz mesmo não tendo um nome. Porque nós somos monstros sem nomes.
  O garoto comeu o monstro que foi para o oeste. Embora tivesse um nome agora, não havia mais ninguém para chamá-lo pelo nome. Johann. É um nome maravilhoso.

(Trata-se de um conto muito bonito que vi em um anime, postado, depois de transcrito e editado para o formato adequado a um conto, deu muito trabalho. Monster, para os curiosos.)

Emil Scherbe.

domingo, 6 de novembro de 2011

A falta

Por fim, eu sempre vou lembrar.
Por fim, não há o que desejei.
Por fim, nem sempre vou estar,
Pois no fim eu aceitei não ter.

É triste assim por um ponto.
Cessar o que por antes eu sonhei.
Agora és estrela que vai embora,
Distante como na primeira vez.

E agora já não passa
De miragem que se desfez.
Mas é por ti que escrevo,
E aqui te refaço mais uma vez.

Por fim hoje já não sei, por isso hoje sou poema só de três, só de três...

J.