Quem sou eu

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Salvador, Bahia, Brazil
Tentado pela maçã que invade seu pseudo-espaço, angustiado pela irresolução que se lança sobre suas fantasias, instável como um big bang caótico, que se faz em uma rubra pincelada em um céu vazio, perdido de uma viagem eterna em um mar de consciência flutuante, eis o navio de cristal, eis três viajantes em um mesmo barco, tão frágil quanto a relatividade de suas emoções, sozinhos a buscar pelo ideal perdido, doce vicio, quanto ao qual é escrever sobre o que há de ser, pensar, fazer, sonhar e por fim realizar.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Lua

O caminho é escuro, mal consigo enxergar, não só escuro, mas sombrio, o medo é constante, esburacado, tropeço, chego a cair inúmeras vezes, abstrato, mal consigo saber por onde estou indo, ofuscante, denso, o simples ato de respirar se torna difícil, eu caio, não há mais força... Mas a lua brilha alta e gloriosa. Nada mais importa agora.


Minhas mãos, o único motivo de estarem no chão agora é para me ajudarem a levantar.
De pé! A visão é bem vinda novamente, o raciocínio agora é direto... Movido pelo ódio, motivado pelo amor, ressurreição, um... Um passo.
As Rédeas do coração, batem, queimam e arranham em um transe descontroladamente coordenado.
No auge da vitalidade, uma imensa euforia toma conta do meu corpo, a excelência dos sentidos emerge, pulsando o amor, prometendo a destruição.
O poder, ausente por uma vida, explode! Um assalto violento, meus nervos arrebentam como se fossem nada, corre pelo meu corpo um dragão, bufando fogo, enfurecido e sedento... Insaciável, ele não vai parar.

A barra do destino acaba de ser elevada, não... Não elevada, ela ganhou um novo sentido.
Em uma sincronia fatal com a realidade, a aura de dois mundos se torna uma, transbordando a promessa eu esmago a matéria catalisando-a ao harmônico caos que precede a verdade.
Entre risadas caóticas e percepção de imenso poder, meu corpo, minha mente, minha aura, minha alma, incitam: ...

Doce Zefir.

                                                                                                                                                          Y.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A Sacada

 Sem sede de nada, acompanhado pela sacada. Mente vazia, alma cansada, cansada de hesitar momentos frágeis, de pura e límpida loucura, tortura. Como é bom se entrelaçar entre as fendas do cercado de cá de cima, parece que se gasta, enquanto sente o gosto da adrenalina. Dançar ao equilíbrio com piruetas desesperadoras, ah... como são inspiradoras. Inspiradoras de um inconsciente consciente, a mente se confunde, a mente... mente. Balanço para lá, balanço para cá, brincando de achar que dá. Mostrando-se ao mundo, não entende, tudo calado, tudo mudo, ou ficou surdo? Seu sorriso é a única coisa que sobressai ao meio de tanto espanto, não dele, mas de cada objeto, cada ser que observa de seus dentes, o branco. Finalmente à altura dos pássaros, corvos que cantam o seu ato, ansiedade em suas pérolas negras pelo ultimato. O sinal foi dado, o agora virou passado, revelou-se a caminhar sobre o ar, estava pronto para voar. Rasgou-se entre os cílios da brisa fria, simulou uma acrobacia, acreditando brilhar. Olhos vidrados, rios vermelhos por todos os lados, que cilada... continua sem sede de nada.
 L.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Remake de um condenado.


E quando você quer parar, mas já não consegue?
E quando você continua sem querer? E quando você descobre que já não sabe?
E quando você decidiu ir sem saber? E quando você anda, mas nunca chega?
E quando você bebe, mas ainda está triste? E quando você quer, mas já não pode?
E quando você faz o contrario do que queria? E quando você não é o que queria ser?
E quando você cresce e se arrepende? E quando você não tem pra onde ir?
E quando você não consegue dormir? E quando você sonha e não quer acordar?
E quando você acorda tentando voltar a sonhar? E quando o tempo passa e você muda?
E quando te cobram o que você não tem? E quando você aguarda, mas ele(a) não vêm?
E quando ele(a) vêm mas você não quer? E quando você consegue aquilo que faltava?
E quando aquilo que faltava não é o suficiente? E quando dizer não já não vale mais nada?
E quando fazer também não adianta? E quando seu melhor só piora tudo?
E quando chorar já não alivia? E quando toda esperança se esvai?
Até quando você vai negar a si mesmo se enganando sobre o que quer?          
Até quando você vai se manter passivo em relação a autoridade que exercem sobre você?
Até quando você vai pensar sobre essas coisas como “e quando ou e se”?
Até quando você vai esperar se surpreender com tudo que lê?
Até quando você vai agir previsivelmente como um humano?                  
Eu sou, você é, nós somos.                                                                                                         Culpados.

J.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Guardando Inocência.

Eu guardo palavras, guardo utopias,
Eu guardo vontades e também ações,
Eu guardo presentes, guardo carinhos,
Eu guardo briguinhas, são recordações.

Guardo mentira e também verdade,
Guardo o fútil com descrição,
Guardo você em minha saudade,
Guardo comigo em meu coração.

Eu guardo e temo por manter guardado,
Meu eu que escreve enquanto sorri,
Porque minha infância se faz revelada
Na sua distância, por não estar aqui.

Eu guardo o conforto da tua presença,
Meu eu que insisti aquecer em ti,
Porque em mim ainda há espaço,
No teu retorno, completo em sentir. 

J. 

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

9 parágrafos, dias, sensações e bobagens que todo mundo já sabe

 Sensações viciam, eu sei um bocado sobre isso, é através de drogas, saltos, perigo e romance que igualamos os pássaros e por um momento voamos, o universo das sensações pode vir a ser um tanto quanto perigoso, pode mesmo.

 Eu mal posso enxergar o que escrevo, meus cabelos ficam na frente formando uma espécie de rede na frente da minha visão, tem gente que diz que vou ter problemas ópticos coisa e tal, mas foi uma escolha que fiz, a gente assumi mais um bocado de riscos quando ama também. 

 Tem dias em que só cigarros de filtro vermelho podem saciar aquela vontade ou pelo menos substituir “aquela” vontade, dias em que mentalizo até fixar aquele nome na minha mente pra poder sonhar, você sabe, nem sempre dá certo.  

 Tem um dia o qual eu espero a um longo tempo, mas às vezes penso que o dia daquele dia já passou, pode acontecer dele chegar, mas não por ser algo inevitável e sim premeditado. Dias atrás eu sonhei com ela duas vezes na mesma noite, sonhei mesmo.

 Eu não sou altruísta nem nada, nada com tom de sinceridade nessa palavra me defini, mas se tem uma coisa que eu queria para todos, é que tivessem a capacidade de entender o universo que envolve as palavras de quem quer que fale e cessar após isso, digo equalizar.

 Entender não é necessariamente algo que você faz depois de ouvir, certo dia um senhor veio a mim, só chegou perto, eu acendi seu cigarro e ele foi embora. Certo dia eu entendi que queria conhecer alguém que desenhava ao meu lado, entender também é sentir não é?

Enquanto a insistência me pressiona eu procuro o meu sonho de longe, bem, eu queria morrer em pé, esse tipo de coisa não é possível ou idiotice, diriam. Pense bem, em pé e coberto de cicatrizes no peito, nenhuma nas costas, isso é coragem de quem desafia o destino.

 Nesse mundo de quem escreve a distorção das palavras é o que dá sentido, como uma guitarra que persiste em uma nota, eu quero voar e minha distorção se lança na seguinte pergunta:

 Se você puder voar que parte do teu corpo seria o motor? A mente ou o coração? O perigo se lança sobre a sua escolha, sussurra pra si mesmo a resposta, ficou uma sensação no final? Se ficar, guarda bem fundo, se não, guarda esse vazio e alguém bem especial pra preencher.
J.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Três Impressões

Hoje não é um dia tão bom pra escrever, é muita incerteza e pouco sentimento, niilismo e nevralgia, ninguém entende muito bem quando escuta que urano entrou em escorpião ou que agora eu escrevo dois ao invés de um nos campos que interrogam a minha idade. Caralho! 20 anos, me torturei tanto com isso que agora estou me acostumando, pois bem, aquela história de pílula vermelha e azul é pura balela, é isso ai, são uns alienados em sua infinita ignorância e mais uns alienados em sua finita sabedoria, discordâncias entre os dois, desigualdades e abismos, cada um em sua zona de conforto, gozando aos sábados nas ruas incestuosas dignas de quem as frequenta ou lamentando em murmúrios a cerca de suas misérias, não vou desenhar todas as cenas, eu me abstenho.

 O que esta em extinção é o que enche os olhos de lagrimas, são aqueles que se limitam a mais pura realidade de seus mundos, sendo essa realidade; palpável ou fantasia. A originalidade é imutável em uma estrada sem curvas e encruzilhadas, volta e meia tropeçando em tripas que pertencem a outros, é caminho que se constrói com as próprias mãos, com suas próprias ferramentas, sob circunstâncias em que se pode agir por sua própria falta de moral, não é coletivista, nem muito sofisticada, é primitiva, brusca e autônoma, e então todo dia é semana de arte moderna, todo dia é dia de Darwin, viva a Darwin. Viva ao pequeno burguês, viva ao marginal, viva ao estado e as corporações.

 As linhas escritas durante um texto são por vezes invisíveis, parecem ter vida própria, você sabe, elas surgem e então estamos em outro lugar, que por vezes não queremos estar, indignados; apagamos. Eis meu espaço de alienação literária, eis a projeção das sensações e impressões experimentadas, em que a ereção sem porque da manhã, se imprimi na divagação sem direção da noite. Noite na qual o tempo, hoje, faz pesar os olhos. Depois de vinte anos a inocência parece ser irrecuperável, talvez por isso a gente queira amar e se inocentar no calor de alguém, e em tudo há beleza, tristeza, solidão. – Como você acordou hoje? - ela perguntou.
                        – Pronto pra amar de novo, me afogar no universo de quem me cativa. -respondi.
 Por desgraça acordei.
J.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

OBLUDA. KIERÁ NEMÁ SVÉ JMÉNO

  Há muito tempo existia um monstro sem nome. O monstro não suportava o fato de não ter um nome. Então ele decidiu sair em uma jornada para encontrar um nome pra si. Mas, por o mundo ser tão grande, o monstro se dividiu em dois e eles foram em lados opostos. Um foi ao leste, e o outro pro oeste. O que foi para o leste encontrou uma vila. Havia um ferreiro na entrada da vila. – Senhor Ferreiro, por favor, me dê seu nome! - disse o monstro.
                      – Não posso lhe dar meu nome! - respondeu o ferreiro.
                      – Se me der seu nome eu vou pular dentro de você e te fazer forte em troca! - disse o monstro, confiante.
                      – Mesmo? Darei a você meu nome se me deixar forte. - respondeu o ferreiro, cedendo à oferta.
  O monstro pulou para dentro do ferreiro. O monstro virou Otto, o ferreiro. Otto foi o homem mais forte da vila, mas um dia...
                      – Olhem para mim! Olhem para mim! O monstro dentro de mim cresceu tudo isso! - alertou, sobre um palco no centro do vilarejo e aos berros.
  Morde. Mastiga. Tritura. Engole. O monstro faminto comeu Otto de dentro pra fora. Ele voltou a ser um monstro sem nome. Embora tenha pulado dentro de Hans, o sapateiro... Morde. Mastiga. Tritura. Engole. Ele voltou a ser um monstro, de novo. Embora tenha pulado dentro de Thomas, o caçador... Morde. Mastiga. Tritura. Engole. Mais uma vez ele voltou a ser um monstro sem nome. Ele foi ao castelo para encontrar um nome maravilhoso. Dentro do castelo havia um garoto muito doente. – Vou te fazer mais forte se me der seu nome. -disse o monstro.
                     – Eu te darei meu nome se você puder curar minha doença e me fazer mais forte.                                                                                                          
  O monstro pulou para dentro do garoto. O garoto ficou bem saudável. O rei estava contente.                                                             
                     – O príncipe está bem! O príncipe está bem! - contente, disse o rei.
  O monstro adorou o nome do garoto. Ele também cresceu adorando sua vida no castelo, e por isso ele resistiu, mesmo estando faminto. Todo dia, mesmo quando seu estômago ficava bem vazio, ele resistia. Mas, quando ele ficou faminto demais... – Olhem para mim! Olhem para mim! O monstro dentro de mim cresceu tudo isso! - mais uma vez alertou.  
  O garoto comeu seu pai, seus servos, todos. Morde. Mastiga. Tritura. Engole. Por todos estarem mortos, o garoto saiu em uma jornada. Ele caminhou por dias. Um dia o garoto encontrou o monstro que foi para o oeste.
                     – Eu tenho um nome. É um nome maravilhoso.
  E então, o monstro que foi para o oeste disse:
                     – Eu não preciso de um nome. Sou feliz mesmo não tendo um nome. Porque nós somos monstros sem nomes.
  O garoto comeu o monstro que foi para o oeste. Embora tivesse um nome agora, não havia mais ninguém para chamá-lo pelo nome. Johann. É um nome maravilhoso.

(Trata-se de um conto muito bonito que vi em um anime, postado, depois de transcrito e editado para o formato adequado a um conto, deu muito trabalho. Monster, para os curiosos.)

Emil Scherbe.

domingo, 6 de novembro de 2011

A falta

Por fim, eu sempre vou lembrar.
Por fim, não há o que desejei.
Por fim, nem sempre vou estar,
Pois no fim eu aceitei não ter.

É triste assim por um ponto.
Cessar o que por antes eu sonhei.
Agora és estrela que vai embora,
Distante como na primeira vez.

E agora já não passa
De miragem que se desfez.
Mas é por ti que escrevo,
E aqui te refaço mais uma vez.

Por fim hoje já não sei, por isso hoje sou poema só de três, só de três...

J.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Abismo


Perdido, um destino ofuscado, estrondeante onda de pensamentos incessantes.
Busca insaciável, desesperada, o controle do destino há qualquer custo.
No limite do composto, agora é eminente, há qualquer momento.
O Sufoco. Já não há mais oxigênio. Perda de sentidos e da razão, bloqueio, sobrecarga...
vida...
Afogando na densa escuridão, não respire, ouça a música. Morra.

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...................

Doce fumaça que me retrocede ao sublime brilho morto já esquecido.
A inundação de morte e vida queima tudo em seu caminho.
Já não existe mais nada, tudo está calmo, apenas cinzas sobram do que um dia foi real.
Renascimento; Um infinito coma. A música... ela volta.

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A morte, já não mais estranha á essência do ser, toma conta da alma.
Retaliação, impossível resistência, tudo converge.
Doce sentimento do infinito, preenche, deixando o rastro da escuridão.
Uma vez intruso, o amor, e com ele... A música.

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Preto, roxo e cinza. Lindo, explosivo... Ininterrupto.
O fluxo do infinito invade sem hesitação e chicoteia causando orgástica dor.
Vitalidade, constância caótica de energia. Transmutação.
Na unanimidade incessante, eu ordeno: Musica, toque!

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Y.

domingo, 23 de outubro de 2011

Antes que se vá; Eu incito. - (Postagem especial)



Entre beijos e afagos, suaves, porém sedentos; me perco.
E então, tomado pela emoção dos seus gestos; me encontro. 
Embalado pela ambiguidade das suas palavras; me movo.
Se me cura por apenas estar, que me toque e fique; eu estou.

Estando eu desejo e não quero ser dois, promíscuo, imagino um.
Se só se faz por apenas ser, me machuca e por isso me encanto.
Sendo minha por doce querer, eu descanso, me recolho e não ligo.
Me sento e escrevo, ingênuo mal resolvido, quase não acredito.

Embora cansado, busco a ti pra estar ao meu lado, porque sinto.
Sentindo eu me mostro, me exponho e ofereço, também reprimo.
Há um quarto alugado que só existe no teu espaço, venha e ocupe.
Deite-se ao meu lado, esqueça o passado, eu incito; se aqueça.

Antes que se vá, fecha os olhos e sinta o que há de mais profundo.
Porque não existe tempo que volte amor, isso é só uma viagem.
Antes que se vá, eu incito o amor; portanto respire bem fundo.
Sou eu? Será ele? Ou não há? Não importa, tu tens que amar.  

Por isso, eu insisto, incito, instigo.

J.




   
  

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Cego

 Alguma coisa toma o poder sobre o meu corpo, alguma coisa que perdi, mas nunca vi; então eu me questiono sobre a existência dessa coisa. Assim às vezes a beira da indecisão desejo provar o sangue em minhas veias, foram muitas vezes, então também penso em ir há algum outro lugar, para assim provar o sabor da minha vida. Foram saltos que tive que me manter cego para a conseqüência, cego para a desistência, fechar o olho e apenas saltar, mas os que me incomodam, foram às vezes em que fechei os olhos para meu desejo, sendo assim todos em minha volta poderiam estar cegos também, todos fazem isso, quando querem é claro.
 O momento em que se nega um desejo, é como uma ferida que nunca vai cicatrizar, sendo assim, a gente nunca se esquece de coçar. Por vezes escrevi meu relatório, meu dever de casa e ainda assim continuei perdendo e falhando, por mais vezes pensei não haver sentido naquilo, por isso neguei a essência do meu desejo, o impulso do meu salto.

Mas quem não faz isso?
Quem nunca fechou os olhos mais cedo para esquecer aquele pensamento inconveniente?
Quem nunca fechou os olhos na esperança de se surpreender com algo?
Quem nunca fechou os olhos durante um beijo para enxergar melhor?
Quem nunca fechou os olhos não é cego nem nada, simplesmente não é.
E por tantas vezes eu que quis fechar meus olhos, mas os mantive abertos:
O que sou?
Nada?
Porque há algo ao invés de nada?
Ah, eu tenho insônia, mas de fato só os amantes mantêm os olhos abertos a noite toda, cegos por um algum coisa.
Alguma coisa capaz de tomar poder sobre seus corpos.
Seguindo esse raciocínio minha charada não vai durar.
J.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Réquiem de um Modernista


Acordando do que seria um sonho,                  Sem estar pronto, discordando me lancei.     
Confiante por possuir o controle,                           Arrisquei as poucas fichas por paixão.     
Com a chave para o despertar,                                       Libertei o sabor do meu desejo.    
“Deslize”! Eu pensei.                                                                        “Deleite”! Eu provei.      
                                                                        
Água que sou, deslizei em mazela,                         Rompi minhas camadas e então travei,                              
Sem transparência, sem nitidez.                               Ás de espadas me fez tão sem graça,      
Frustração, outrora lucidez,                                          Mais uma vez, perene à desgraça.      
“Liberte-me”! Eu tentei.                                                                   “Por amor” Eu saltei.  
J.

domingo, 18 de setembro de 2011

Espairecer nas Sombras.


 Angustia que se mistura em saudade é querer abraçar a lua com este corpo pequeno. Eu não gosto do calor do sol, mas graças a ele, tenho minha sombra. Quando caminho por aí e a vejo cesso em conforto, que seja até ela a aprontar comigo em noites de incerteza, se duplica, se contorce, se indefini: Me assusta. Dias atrás percebi que eram brincadeiras da lua a testar meu coração e parece que não se faz um coração forte quando este está despedaçado, digo, desajustado. Quando você guarda todos os pedaços pra si mesmo, não és mais do que poderia um dia ser ou sentir, não é diferente de uma canção em desarmonia ou uma sombra que por vezes duplicada só pertence a um único dono. Eu sei de tudo isso e dessa vez não quero me forçar a esquecer, mas é que às vezes a solidão vem brindar comigo em seu tom simplista por assim ser, passeamos por aí nos escondendo atrás de sorrisos vazios e nos esquecemos de voltar. Mordidas inúteis, breves mergulhos também me cansam, cansado, me acolho na caverna do vazio, o refugio dos vitimados pelos amores indigestos, pelas paixões imaturas. Minha recompensa por alimentar esses desejos, são eternos momentos ou descrições melancólicas eternizadas em delicadas palavras; mas o que são essas descrições descontextualizadas por esses momentos? Não faz sentido. Prefiro o calor de mãos entrelaçadas por assim estar e se no futuro assim não estiverem, restará o afago o perfume para em noites de frio me aquecer, recordar.
Maldita inocência, você é uma má consciência, afinal eu compreendo as tartarugas.
J.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Oportunidades

Eu sei, que não sei, serei ou terei
Ciclos que se repetem em círculos de curto raio
Talvez um dia ou dois passando rápido
De volta ao ponto inicial, zero.


A linha contínua se perdeu, se enroscou
Atando meus pés e mãos com laços cada vez mais apertados
A íris jamais brilhou novamente, apagou, borrou
Trancando qualquer porta, olhos fechados


Tão confortavél e tão cômodo aqui
Conformismo parcial com o vazio
Sem almejar sair dali
Preso, quieto em meu navio 


Será que ainda existe uma chave?
Por hora ela é tão transparente e mortal
Com  um teor imaginário extremamente suave
Assim como meu navio de cristal


L.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Batom Vermelho

Eis minha ideia, eis uma charada,
Eis seu domínio, eis minha piada,
Eis um dilema, eis sua opção:
Usar ou não aquele batom.

Eis uma coruja confusa e animada,
Eis uma gatuna indecisa, solitária.
Eis um poema de simples razão;
Gozar, usurpar, doce inspiração.

Imagens que faço na minha boba cabeça,
Eis minha paixão dizendo endoideça.
Haverá um encontro, mas antes decisão;
Com ou sem teu rubro batom?

Minhas pálpebras pesam,
Meu coração clama teu nome,
Serve-me com tua saliva
Ou durmo e morro com fome.

Eis nossa transa ou eis ilusão?
Fogo que não queima é martírio, implosão!
Pois bem, uma coisa é mais que certeza.
Com ou sem teu batom, te desejo;

Amanhã não esqueça!

J.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Asteróide ZYBX

- Insistem em falar do que não entendem. Aquela velha história, o apego a sistematização padronizada do pensar, se prova a cada dia, a multidão se trancou com a ignorância, sem entender o fluxo distorcido de palavras, que viam ao ler os escritos, encontrados misteriosamente na margem do lago congelado; eis o tumulo dos intelectuais que buscavam a história, o contexto e o começo para aquele manifesto: Assim disse o criador! Nenhum deus ou algo que o valha, simplesmente uma criança de oito anos de idade, no duro! Cabelo grisalho, pele enrugada, usava até uma bengala um bocado enfeitada e na época do são João, perambulava por aí, correndo e estourando bombas dentro de blocos carmesin.
 Tudo que era incomum despertava a curiosidade daquela criança, e seguindo assim, em pleno pós modernismo, em que novos conceitos costumavam ser formulados a partir da idéia de gerar novas formas de se extrair, produzir e consumir, a pequena criança só pensava em criar tudo que seria impensável, algo a mais, além das formas geométricas conhecidas, algo que não pudesse ser desenhado com as curvas possíveis de se fazer com a tinta, além de todas as dimensões existentes. A velha criança criou uma espécie de coisa, inominável, essa coisa foi posta em cima de um lago congelado, esse lago estava lá mesmo antes dos humanos criassem qualquer forma de comunicação, essa espécie de coisa funcionava toda vez que alguém visitava aquele espaço e olhava para o gelo, a dita cuja coisa e tralha, transmutava as palavras afogadas no subconsciente daquele alguém, para a margem do gelo, as palavras mais comuns eram: ingenuidade, outrora, desapego. O objetivo daquela criação era transpor os sentimentos de uma criança para um adulto, para que esse pudesse, por exemplo, transmutar as maquinas que só existiam em seus sonhos, (uma maquina que fizesse chover hambúrguer, quiçá brócolis) talvez assim a coletivização daquele conhecimento pudesse tornar o mundo melhor.  
 A civilização logo tornou ponto turístico aquele lago congelado. Os adultos responsáveis, engravatados, tomaram conhecimento e decidiram investigar a origem daquelas palavras, um trator e uma escavadeira, logo se tornaram protagonistas daquele palco congelado, então não havia mais palco, nem dita cuja coisa e tralha, apenas escombros e um caso jamais desvendado.
 A criança lamentou sobre aquele caso, decidiu viajar por aí com seu asteróide ZYBX, dando aos formigueiros redondos que encontrava em seu passeio, a oportunidade de se libertar das leis de Newton, a possibilidade de um mergulho em um sonho real.                                  
                                                                                                           J.

Visões de sangue, Pura Podreira de dentro

Droga,está tudo embaçado, agora estou dançando , está chovendo, estou deslizando, o tempo vai mudar e meu hambúrguer está melado com essa merda vermelha. Olá, você pode ver também? Dinheiro e ganância, as crianças são manipuláveis, usáveis, rentáveis. É tão fácil , quando elas me olham, um raio de pensamento e ignoro, é tão fácil, todos os olhares mirados pra mim, agora estou bem fundo, em sua caverna intima, o que me diz? Eu continuo nessa rua, estão lavando com detergente e posso cair em cima da minha sombra a qualquer hora, eu disse: - Sombra! Pare! Deixe-me ir à frente! , então eu escorrego e posso ver debaixo daquela saia sinuosa e grito: - Sombra! Vamos! Congele o tempo! , não preciso comentar sobre a impotência desse tipo de imposição. Minha família, vinte cigarros charmosos e posso nomear cada um deles, eles ficam gritando , repetindo e enchendo: A morte está se formando, formando-se está a morte, horror, impotência, gangrena e mais algumas porras aleatórias. Ah, delicioso, mortífero, não é um substituto, mas pensando bem, exerce bem a função da saudade que tenho delas, função de um sado-masoquista qualquer. Pesadelos em que procuro por sonhos onde provei daquela fruta, no parque de diversões, a montanha russa foi meu carrossel, é bem verdade que a realidade não sacia a sede, a fome e quaisquer necessidades de uma expressão artística, como pseudo artista, eu deito no meio da pista, fecho os olhos e escuto a borracha rodando no asfalto; a revolução industrial tem lá sua poesia.
 Estou te vendo em pé, arrumada, bonita, tudo é tão legal, despida, porque não? Estou transando com sua imagem santificada pela vaidade, a temperatura do meu corpo se eleva e de repente eu acordo, doce vagina [...].  Vamos caminhar pela cidade até o ultimo brilho lunar? Você é louco ela diz! Eu danço na lama em que ela pisou e continuo a rodar, agora estou na revista ao lado da minha maquina destruída, muro desgraçado, estamos procurando por quem espera, só para parar apontar e rir, porque não? Prazer, eu te degolei, você era gordo, fantasma da intolerância criada por uma convenção, na verdade, não faz diferença. Não escrevi pra você gostar, era pra você ter um colapso e bater também. Idiota? Hoje amanhã e sempre. Com essas palavras eu controlo suas sensações, vôo e mergulho, personagem principal daquele clássico clichê. Esse sangue é muito bom, você poderia provar um pouco, menstruação labial! 
                                                                                                           J.

Pós inspiração de um suicida

P2: - O que você está pensando?  O que você vai fazer agora?
P1: - Pra você e somente você saber, nesse instante só penso em morrer, mas não tenho certeza se esse é o desfecho correto, o mar ou uma faca? Hemorragia ou afogamento? Opine, por favor!
P2: - Bem, não pense em besteira, você ainda tem muito pela frente.
P1: - Resposta errada, você não é diferente, eu enxergo claramente um corvo negro atrás de você, você ainda não sabe, mas você também ama a morte, e ela sim, é uma boa amante, acho isso de certa forma engraçado, afinal, a morte está me perseguindo, aqueles que amam a morte, são amados pela morte, e só por isso você está comigo aqui agora, junto de mim, junto com ela.
P2: - ...
P1: - Pelo caminho árduo de um demônio, perdi meu mapa e sem perspectivas só me resta coragem.
P2: - Esse é o doce da vitória? Ou o amargo da derrota?
P1: - É tudo uma possibilidade, eu quero mesmo é manipular o destino, agarrar o momento de ouro, eu vou fazer um rosto inexpressivo e olhar além da distancia, você também pode, estou aqui para erguer, arrastar os que estiverem comigo, até onde eu puder chegar, eu ainda não entendo direito, mas eu grito isso pra mim mesmo, nem o sol, nem a sorte, completa esse meu jeito.
P2: - Eu nenhum momento pensei de outra forma, mas agora estou determinado a ficar aqui até o final.
P1: - A solidão e amargura roubaram as palavras do seu pensar, você está limitado a ser, fazer, ou estar, mas eu acho que nem sempre foi assim, tente se lembrar.
P2: - ...
P1: - O vento é mesmo surpreendente, não tem outra maneira de se sentir mais intensamente vivo, do que estar à mercê.
P2: - ...
P1: - É verdade, ele quebrou minha casca, quebrou o asfalto, limpou os prédios, trouxe a tona o que hesitam em enxergar, a verdade de tudo aquilo em que não há. E não por alguém, não é de ninguém, o nosso presente.
P2: - ...
P1: - Apresso-me como um perseguido, esperar é um desperdício pra pessoas como eu.
P2: - E agora você está de pé, irônico e determinado, me deixe ser sincero, desfazendo a dor o coração e a sombra, eu escolheria afogamento, não sei amolar facas, manipule o destino presente.
P1: - Não terminará, isso vai até onde eu permitir.
                                                                                                           J.

domingo, 24 de julho de 2011

Esboço de um Grito

 Grito sem voz gritou em frente a um espelho, gritava em silêncio, gritou com um olhar, gritava sem ter muito em que pensar e assim continuava gritando ao encarar todos os rostos estranhos que cruzava ao caminhar, encarou o sol , encarou o céu e continuou a gritar, quando ninguém lhe conhece você é um estranho, quando eles o olhavam ele gritava, rugia, para assim poder continuar, estranho seria baixar a cabeça, mas não um assassinato, mas não um suicídio, não um estranho submisso ao dia, sim uma criatura submissa a noite, ao instinto, sua vida, sua plena sobrevivência, mas ele não era diferente, só estava nu e sem usar uma mascara que era comum naquela época.
 Se o grito gritador pudesse ser nomeado, chamariam de lobo, de marginal, ladrão, isso e coisa, aqueles que o nomeavam eram sua família, a origem de sua conduta, se não, eram partes de si mesmos, a parte que trancaram com mascara de ferro dentro de seus corpos, essa parte estava ali, explicitada pela direção em que fintavam os olhares, olhares que soavam como balas de chumbo, também por isso o grito gritava, não lhe ensinaram a dialogar, não lhe ensinaram as convenções que convenceriam seus instintos a trancafiar sua escuridão, inventar um amor, ou reconhecer a beleza, talvez por isso o grito gritava sem distinção, não o distinguiam de outros gritos, grito era só um grito, mas não era diferente, só estava nu e sem mascara, era só um reflexo das sombras dos mascarados, ou mesmo a parte deles que se libertou, que se acumulou e sem distinção, mas com prazer matou, comeu e comprou, isso ele aprendeu, fixou e copiou , quanto mais pudesse comprar, menos precisaria gritar, pois menos iram julgar.
 Grito percebeu o seu ciclo e mais revoltado ficou, a superficialidade do que precisava fazer para menos gritar era mínima em relação à intensidade de suas emoções, gritando grito se sentia vivo, era ação e inocência, era ele por ele mesmo, estava só e já não enxergava direito, grito não tinha uma idéia para nela se fixar, grito estava em uma estrada no meio de uma tempestade, matar não o saciava, pois percebeu a natureza de suas prezas e com nojo ficou, só restava gritar, mas decidiu se matar, de nada valia caminhar quando nada podia alcançar, com a morte eminente o grito sorriu, estava desfeita a estranheza que o designava, ninguém mais se lembrava de um tal chamado grito, nasceu e morreu desconhecido, inaudível. 
                                                                                                                                                      J.

Sob e Sobre você


Mordo seus lábios, mordo com força
Puxo, repuxo te faço tremer
Te aperto e domino, não tens mais espaço
E agora , o que pode fazer?

Sorrir e falar não é necessário
Sou vento, não fuja, é puro prazer
Feche os olhos, viaje ao espaço
Acenda o fogo, meu momento é você

O barco é a boca o leme é a língua
Nade, flutue, estou a mercê
Sozinho não posso, viajem sem graça
Mexa-se, aperte, querer é poder

A maré esta alta, não perca o controle
Afinal, não existe, viver sem temer
Sozinha não pode, viajem bastarda
Dá-me a mão, estou com você
                                                    J.

Orion



Minhas palavras dedicadas ao soar do vento na ferida aberta e ardente por um sopro que beira o desespero são raras e vermelhas (“JOE”)

Entediado sob a luz de pigmentos cintilantes
O corvo veio me visitar trazendo consigo um convite
O convite para o ar cercado de estrelas
As estrelas iluminam minha noite singela
Singela por uma atmosfera sinistra

Os rodopios suaves da fumaça branca me rodeiam
Sinto o gosto da vinícola campestre
O momento se consome, a ferida se abre
Faca cega e depois afiada ao som do sopro do desespero

A vida de um ponto no universo paga o preço
O preço é beirar a morte
O sono é vencido pelo tédio
O sonho acompanha o falecido dormente
Que já não dorme

Mais pesado que o céu
É o mundo invisível que acompanha meu corpo
Distrações e ilusões assim como um doce amargo
Logo oculto pelo adormecer
                                                       J.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Inspiração Imaginária

Seu cheiro traz paz
Traz lembranças
Que vêm à tona com pausas em minha respiração
Para que eu possa lembrar delas por mais um instante

Pois ao expirar elas fogem
E resta apenas imagens frisadas
Mas eu preciso de mais que isso
Preciso estar rente a você para alimentar meu vício

Vício do seu cheiro
Vício de sua nuca
Vício de seu olhar
Vício de você

Inspiração por seus traços
Expiração como um alívio de ter você
A paz me toma mais uma vez
Até eu voltar à realidade

E descobrir que você não está...


L.

Vingança do papelzinho: O Desejo de um palhaço



Saco, não vejo graça nas coisas que todos fazem, gostam ou desejam, beleza explicitada é o que a maioria almeja e todos sabem, o dia destrói a noite,a noite divide majestosamente o dia, você pode correr, tentar se esconder, mas a única solução virtuosa é atravessar para o outro lado, é o que acho. Poderiam todos os relógios organizadores do tempo pararem ao mesmo tempo e mesmo assim nessa ocasião, caótica talvez, muitos de nós faríamos o mesmo, principalmente se fosse noite, depois entraríamos em um colapso que distorceria todos os hábitos chatos e entendiosos, aludidos por vícios como a repetição de um mesmo beijo ou um sonho em um navio estampado em cristal, momento maroto,que poderia ser incitado por qualquer viajante, manifestação magistral de um palhaço delirante em seu jardim de gira-sol, irritado pois ostentava o desejo que seu jardim fosse de gira-lua, e que todas as flores pudessem carismaticamente, sorrir para o seu jardineiro fiel, sem hesitar. Desconhecia o conceito arbitrário de limite, pois na sua casa não existiam portões, em seus sonhos,as crianças outrora cavalgavam uma cobra de sete milhas para um lago até o amanhecer,todas desferiam balas com o prazer do suave deleite na mira do coração dos velhos, estáticos os velhos se tornavam moveis, uma vez derretidos de sua solidez morriam horrorizados com o ato e efeito de acordar do inverno, choque térmico em verão. Otimizando seu sonho distorcia a realidade e assim nem notou quando o relógio parou já era comum sentir a sensação de um encontro de dois rios, a lembrança de um encantador mergulho naquele turbilhão, fazia valer o extermínio de seus receios, entristece-me saber que ele sofria, encontrava no breve mergulho, monstros vorazes, porque nem sempre o turbilhão o queria, mas não era essa a causa de sua dor, emergia dos mergulhos que eram breves, pálido e sem cor, por ser breve,doía. Não lapidou, não fixou, não desfrutou do suave deleite, tudo que ele queria era tornar real, especialmente o que ninguém acreditava, o que por vezes o cegava, o que por vezes, mortalmente, o feria. Sim, suas flores gira-sol tinham espinhos, ele queria mesmo era oficializar a colheita das pétalas das gira-lua e nelas escrever como em papel palavras raras e invisíveis para o tempo. O palhaço enganou a todos os ladrões de sonhos, teatralizou seu plano e seu sonho foi superestimado e roubado, quando descobriram aranhas e escorpiões fincados as suas palavras, escritas em pétalas de gira lua, decoradas com tinta invisível ao tempo, os ladrões foram picados pela surpresa do arco-íris sem pote de ouro. Para tornar real o querer do palhaço era preciso que ele enfrenta-se a dor da brevidade de um mergulho e depois durante um outro mergulho manobrasse sua consciência para um lugar mais denso e conciso, mergulhos breves originavam febres fúteis, as quais esvaziavam o leque de sonhos do delirante palhaço. Capricho açucarado em demasia, sonhar em um mundo sem definições para o tempo, artesanal por completo, mas para o palhaço, realidade entrelaçada a proximidade da ótica de um sonhador, que por osmose fixava na noite seus desejos refletidos no desbravamento de mergulhos breves ou não, não era capricho algum. O ápice de sua ordinária e poética aventura (foda-se a semântica) foi descobrir que tornar real seu penoso desejo só era possível durante mergulhos finitos, longos ou não, a descoberta atípica foi que ele só precisava continuar mergulhando, depois de sua revelação, sedento, o palhaço passou a amar o jardim de gira-sol, oficializando a colheita de suas simples pétalas amarelas, escreveu em uma delas uma frase invisível para o tempo, adepto e inspirador dessa nova percepção, o palhaço induziu o autor dessa historia depreciativa a exterminar a síntese de parágrafos,bem como qualquer importância que o significado dessa narrativa possa ter, afinal tudo esta sintetizado naquela rara frase.


(Texto modificado para uma versão mais simples já que o original é uma dedicatória a uma garota)
J.

Atração Sobrenatural


 O cerco se fecha. Luz magenta lunar se esconde entre duas nuvens paralelas. Conhecer sua natureza vampiresca não me afastou, aproximou-me do que mais desejo em você, sua alma suja e presença perturbadora que me segue onde quer que eu vá. Uma sombra que me acompanha a cada esquina enquanto suga o melhor [...] e o pior de mim. Sua palidez não me incomoda mais, pois o pouco magenta que resta, cora sua pele de um jeito tão obscuro e doce, ao mesmo tempo, que me faz ceder pela sua desdenha, a qual corta a brisa congelante da noite e me envolve em um manto amaldiçoado, levando-me a lugares imperceptíveis a olho nu. Seu verdadeiro rosto se mostra então, algo estranho, longe da compreensão de todos que dizem saber o que é real e fantasia. Assusto-me um pouco, mas logo seu desdém sorriso copio numa reciprocidade fora de sintonia. Vou a seu encontro, em passos lentos e cada vez mais pesados. Suas correntes se entrelaçam em meu corpo, em movimentos suaves. Preparo-me para a junção corporal, mas acabei de perceber que as nuvens negras finalmente se cruzaram e esconderam o seu melhor, o tal magenta. 
                                                                                                                                                                  L.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Bendita Humanidade



 Depois da vida, resolve-se guardar o coração em um lugar diferente, um lugar tão alto que se tornou impraticável subir àquela altura de novo, com medo de cair... Pensam-se duas, três, infindas vezes até a exaustão antes de olhar para cima de novo. Até que um sorriso contagiante de outrem apareceu para aquele ser, homem de lata, que pára e fixa seu olhar de curiosidade desesperadora de descobrir o que se esconde atrás daquele gesto tão humano e enigmático. Aos poucos ele sobe aquelas pedras que rasgam sua superfície rígida sem vida sabendo que só encontraria a resposta se chegasse ao topo. As pedras no caminho o fazia lembrar de tudo que já passou, o que o fez fraquejar por vezes, mas a vontade de tentar de novo era insaciável. Poderia ser um erro, mas ele já não queria saber disso, o sorriso estava quase se apagando. Poucos segundos depois, agarrou com toda força aquele coração sedento de sentimentos e transbordando fragilidade. Com aquele núcleo de sensações em mãos, não soube o que fazer, pois o mesmo já não encaixava no mesmo lugar. Sua decisão foi atropelada pela sua ganância, ofereceu seu próprio coração de bandeja ao sorriso, que o fez de pedaços, em minúsculas fibras espalhadas por todo o chão, com todo seu enigma e humanidade.

O homem de lata já não pode mais amar, pois não soube amar a si próprio.

L.