Quem sou eu

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Salvador, Bahia, Brazil
Tentado pela maçã que invade seu pseudo-espaço, angustiado pela irresolução que se lança sobre suas fantasias, instável como um big bang caótico, que se faz em uma rubra pincelada em um céu vazio, perdido de uma viagem eterna em um mar de consciência flutuante, eis o navio de cristal, eis três viajantes em um mesmo barco, tão frágil quanto a relatividade de suas emoções, sozinhos a buscar pelo ideal perdido, doce vicio, quanto ao qual é escrever sobre o que há de ser, pensar, fazer, sonhar e por fim realizar.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Espero, sinceramente, que a gente se foda

Estou cansada. Virando três madrugadas consecutivas para dar conta de uma existência que se fundamenta no fazer teatral. Preparo aulas, viajo para assistir a um espetáculo que dirigi, volto. Vou à Reitoria exigir que não acabem com um curso de Artes Cênicas criado às pressas e sem condições, mas que, justamente pela vontade inquebrantável de meus pares, resiste e cria produções as vezes não tão elaboradas, mas que tateiam com afinco essa vastidão do fazer para ser visto.
            Nada de heroico nessa perspectiva. É assim porque o teatro não se estabelece de outra forma, não admite gente morna, meia fase. É um povo apaixonado, tesudo, e eu mais uma entre tantos.

Estou cansada pra caralho (caralho: genital comum a toda espécie. Quem não tem, foi concebido com participação de um), e queria dormir. Mas a mais de uma hora tem uma ruga na minha testa e um desconforto que me atravessa inteira. 
          Hoje um colega expôs com sua turma parte do resultado de um Laboratório de Interpretação. Um dos dispositivos para a criação de cena foi a nudez. Em seus diversos aspectos: despir-se dos pudores em relação a si, mais do que tirar a roupa.

Coincidentemente, em outro canto e planeta, também hoje, um aluno de uma instituição em que trabalhei foi expulso. E não só expulso. Foi autuado com um boletim de ocorrência, registrado por um professor, em que consta “atentado ao pudor”. Porque estava nu em cena, e se masturbava. Cena essa previamente autorizada pelo coordenador do curso.

Aqui, o público parecia lidar com um fenômeno extraterrestre: perguntou aos atores qual era a sensação de estar nu em cena. Como se nunca tivesse estado nu no banho, durante o sexo, na sauna, no carnaval. Como se nunca tivesse sido índio, visitado praia nudista. Como se tivesse nascido de roupa, de mãe vestida. O público perguntou aos atores como foi dizer aos pais que ficariam nus. Como se os pais não tivessem estado nus, aos olhos - toques, beijos - uns dos outros para conceber estes mesmos meninos sobre o palco.

Eu sentada na poltrona do teatro, sentada agora na almofada com o computador no colo, com o mesmo corpo. Essa forma pela qual se dá a minha e tantas outras existências no mundo. Me ponho a pensar em quão antigo é o Wooodstock e em como foi que as coisas caminharam de forma a tornar, de novo e outra vez, a exposição do corpo em tabu.

O que teremos feito do amor livre e dos ideais hippies – hoje tão tacitamente risíveis – para que o sexo e tudo o que se relaciona ao corpo, à maneira da Idade Média, tenha se tornado sinônimo de imundície, perversidade, libertinagem? Que músicas teremos tocado através dos tempos para que o deus que dança, do também antigo Nietzsche, tenha se retirado do nosso convívio?

Eu – o corpo que sou – mantenho involuntariamente a ruga na testa ao imaginar o aluno expulso. Em como lhe tratarão os colegas, a família, o bando, a polis, a matilha, a sociedade. Essa mesma que faz vistas grossas ao turismo, ao assédio sexual. Que não vê o alto escalão aliciar com seu dinheiro às crianças das classes miseráveis, ao mesmo tempo em que tem a obsessão de manter virgens e puras às suas filhas. Ou pelo menos a aparência delas.

 Talvez o aluno expulso se convença, ele próprio, de que fez algo condenável. Talvez ele, de artista, se converta ao mais novo bastião da moralidade. E então, que saudável uso teremos feito de nossas atribuições enquanto professores, e de nossos dispositivos de ensino! Tal como os jesuítas, teremos catequizado mais um bom selvagem aos nossos moldes civilizados. Que esse negócio de ficar pelado e relacionar-se despudoradamente com os deuses só pode ser coisa do capeta, né?

... São Bom Capeta, Rogai por nós, os fundamentalmente vestidos!   

PS: Essa seção trata-se de texto que não são de nossa autoria, mas que divulgamos pelo caráter fantástico do que lemos. Não sei o nome do autor desse texto, mas encontrei nesse blog : http://costuradaparadentro.blogspot.com.br/?m=1 , ótimo blog . Abraços.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Meu Lar - Parte I -

Eu poderia fazer uma alusão sobre como me sinto, digo, eu posso...
Meu amigo leitor, se tratando de pessoas e amor, por favor, não escute muito os outros, nem se inspire muito em filmes, nem em textos e comerciais, falarei verdades, verdades forjadas na experiência da pele que já se queimou mais de uma vez em doces sonhos, minhas verdades, não tão preciosas ou dignas de um sobretudo imaculado.
Se tratando de pessoas e amor, tudo pode ser quando pensar não ser nada, e não ser nada quando pensar ser tudo, trata-se de não ser, porque ser é um conceito estático e restritivo, lembro-te que só se é, sendo, ou seja, conheça alguém, e se permita a amar, mas isso depois de considerar e assumir as múltiplas consequências da sua escolha, e principalmente conheça a si mesmo antes de se permitir amar alguém, ou simplesmente se foda até dar certo. E eu não sei exatamente o que eu fiz, antes que vocês se perguntem...
Quem é esse alguém?
O complemento, e não o seu reflexo ou dos seus anseios idealizados e materializados em peitos ou um grande pênis. Talvez seja só o pênis ou um par de seios, vai depender do que você está procurando.
Mas então...
Já faz algum tempo que eu não escrevo aqui, e esse texto soa como um “olá”, eu andei fazendo algumas coisas, eu andei sendo feliz. Eu costumo escrever sobre o que me veem em mente, e as coisas costumam se conectar, agora que eu reli o inicio desse texto, percebi meu desejo subliminar. Eu só gostaria que todo mundo achasse sua sapatilha escondida como eu achei a minha, eu só queria que todo mundo pudesse ser feliz a dois, como eu estou. Eu falei que iria escrever para Amelia e aqui estou eu.
O fato é que pessoas seguras e realizadas não tem muito o que fazer, a não ser continuar a realizar aquelas fantasias secretas do universo do que nos é particular, algo como transar no estacionamento e casar nas montanhas, não precisa ser nessa ordem.

Eu falei que posso fazer uma alusão sobre como eu me sinto e confesso a vocês: Sinto que meu barco ancorou em um porto seguro, o porto seguro do navio de cristal, o porto do meu coração. 

sábado, 20 de julho de 2013

Ser com você


Foi fisgado por seu sonho traiçoeiro, o peixe estranho das profundezas do mar, sua morada tímida, entre as frestas das rochas submersas, não serve mais. Vai nadar com ela dentre os caminhos singelos da imensidão marinha, vai nadar com ela, com as mãos dadas a luxúria, entre gozo e saliva, arranhões e mordidas, beijos estranhos e sinceros, abraços em tom de infinito, as melhores intenções forjadas na união, “você em mim , eu em você.” 

Cada vez mais fundo, e longe de emergir. Ah, quanto desejo, planos e saudades. Améllia, você é tão linda, não vou me estender com essas palavras, estar com você , mesmo distante, tipo salvador e Londres, é melhor que escrever sobre tudo isso e o mais. O mais é justamente o óbvio, o agora e depois; eu e você sem mais, tão legal quanto a extensão de “Pi”. Pedaços de coisas coisadas que tornam tudo tão mais especial que outrora foi, de verdade.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Para meu amigo!



Isolamento; acho que às vezes esse estado é a condição mínima para que eu escreva com um pouco mais de racionalidade. Dois mil e treze não chegou muito educado, essa coisa de classificar o ano com um adjetivo que possa personaliza-lo é frescura, você sabe e se não sabia, sabe agora, algumas pessoas são perenes no tempo, não importa se os anos passam e tantas coisas acontecem.
Eu perdi um amigo no começo de janeiro, não que eu tenha perdido a sua amizade, mas o prazer da sua companhia, ele tem uns escritos aqui no blog, assinados por “L”, ele que fundou o blog comigo, se o proposito disso aqui era ter um design mórbido, agora tudo aqui tem um contorno meio mórbido, tanto faz se você olhar superficialmente ou der uma extensa vasculhada. Sinto que eu deveria falar sobre meu amigo e é isso que vou fazer, pois bem, ele é um cara que leva as coisas a sério, leva diversão a sério, leva o estudo a sério, a família e os amigos a sério, leva a saúde a sério, leva datas e horários a sério, leva o Discovery channel a sério, leva até esses rituais de comemoração a sério, por mais bobos que sejam, em suma, leva a vida a sério, se você está se perguntando por que eu o descrevi no presente, não se preocupe caro leitor, tenho o prazer de lhe explicar, acabei de ser iluminado por essa ideia... “É, de ser e não de foi”, porque a existência física não é parâmetro de classificação dos amigos de verdade no tempo passado, ele é e será, porque seus amigos e família enquanto existirem sempre o serão; amigos e família de Lucas.
Parando para pensar agora, eu sempre achei que as pessoas que levam a vida a sério demais não aproveitavam muita coisa e eram um bocado chatas, eu estava errado, porque Lucas mostrou que a vida pode ser aproveitada sem que sejamos obrigados a seguir aquela receita de bolo clichê, que diz; “foda-se tudo e faça o que quiser” como eu pareço seguir, eu sei.  
Lucas gozou a vida dando séria importância a comer duas embalagens de miojo, dançando sozinho no quarto, implicando com o irmão mais novo, me complexando com críticas pelo mero prazer de me ver complexado, e muitos outros momentos com Cristiane, a Ellen e tantas outras pessoas, que na noite ou fora dela eram sempre alvo do apreço e dos planos que Lucas fez. Às vezes eu não o encontrava em casa, ele estava na casa da tia Lurdinha, sua madrinha, outras eu o encontrava em casa e ele estava encolhido ao lado da mãe, como uma criança que pedia colo, ou só esperando o café que Ivonete fazia especialmente para ele, garoto mimado desenvolveu um método bem interessante de fazê-la sentir-se satisfeita em servi-lo, sagaz, eu notei.
Lucas às vezes tentou me bancar o cupido nos dias de festa, me encorajou a seguir com desejos bobos, se absteve de reclamar das coisas que sabia que não iria adiantar, e tinha um jeito legal de me fazer sentir especial, não que ele queria que eu me sentisse assim, Lucas não gostava de encorajar meu ego (ninguém gosta), mas eu me sentia especial quando ele dizia que eu entendia perfeitamente o que ele queria dizer e completava o que ele não podia expressar corretamente.
Não há saudade de ex namorada que se compare a saudade de um amigo, e eu sinto a falta do Lucas, todos os que o conheceram ainda sentem, sinto falta dos conselhos que só ele era capaz de dar, das piadas sujas que podíamos rir sem ninguém entender, eu queria poder derrota-lo em um jogo de sinuca, não lembro da ultima vez que eu ganhei. Ser amigo como Lucas é, trata-se de tornar a amizade imortal, de ter algo a ensinar com originalidade, de cultivar as peculiaridades, de valorizar as coisas responsavelmente corretas, de mesclar a inteligência e a tolice, equilibrando-as com sorrisos e também de ser chato por simplesmente querer.
 Lucas conheceu a mais bela das faces do amor, costumava exalar a êxito e partiu como um vencedor, amado por quem o conheceu, e respeitado por quem escutará suas estórias.
Ps: Te amo pra sempre, com e sem lágrimas...
J.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Para "N".


Há uma garota, guria, mulher para qual eu fiz referência ou dediquei a maioria dos meus textos e esse aqui é bem direto, para ela em especifico. O fato é que passei boa parte desses anos escrevendo algo reclamando sobre ter perdido, ou sobre como sentia sua falta, nossa, a vida é mesmo engraçada, eu nunca a perdi, nem nunca vou perdê-la. 
Depois que descobri isso me sinto meio ignorante para divagar com certeza sobre algo, mas disso eu acho que tenho alguma certeza; não é porque beijei a ti em nosso reencontro que nunca a perdi, mas simplesmente porque sei sobre o que falo, e este saber vai além do toque entre peles, vai além da emoção de estar.
“Na primeira hora te quero longe, você é só mais alguém, mesmo que eu demonstre um interesse especial em estar ao seu lado, respeite a distancia da minha pele! mas você me toca e me assusta, eu não sei bem o que isso quer dizer, mas ainda não quero o teu toque”.
“Na segunda hora eu permito, você é alguém para mim e pode alguma coisa, tocar é natural e isso não vai além, estou sorrindo feito um idiota, caminhando ingênuo, e esperando que mais horas passem, com você ao lado, é claro”.
“Na terceira hora somos amigos íntimos, confidentes, já temos alguma ideia no que isso vai resultar, discutimos por algo que não importa muito, eu sinto que devo ir embora, nosso reencontro não pode passar da onde está”.
“Na quarta hora somos amantes, namorados que nunca se separaram e nem disso são capazes, um beijo muito desejado, difícil de ser descrito porque a impressão foi além do normal, nosso momento é só o que importa, surreal...
Eu não sei quantas vezes esses momentos podem se repetir, muito menos a formula para manter você comigo do jeito que eu quero, eu não vou me desgraçar pensando até descobrir, ou lutar mil batalhas por você. Vez em quando já me basta, porque sempre vem e vai, você em mim, eu em você, sem mim e sem você.
Quando eu disse que nunca a perdi, não quer dizer que eu te tenho, mas que no nosso sempre, na nossa estória, sempre nos queremos. Me beija mais!  Não me importo em trair, não com você, mas eu sei de outra coisa, isso pode mudar. O tempo muda as coisas, e ainda assim outras nunca mudam não é?
Uma mudou, essa você precisa saber; não sou mais de me entregar sem pensar, a parte que você tem é a que nunca perdeu, porque quando eu te amei, eu deixei com você, e ainda está, “sempre” estará.
J.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Bobagem


Tenho tanto medo que quase posso chorar, 
Porque eu amo tanto que quase chega a doer,
Se eu pudesse voltar atrás escolheria amar,
Porque eu quase me esqueço o que era viver.

Meu dilema é bobagem, é ter que aguentar, 
Amar um bocado, ou tentar te esquecer,
Porque se por um dia não posso te amar,
Transbordo saudade e nada posso fazer.

É estranho ser hoje mais do que ontem fui, 
Porque o normal de ontem era ser só eu,
Felizmente hoje sou mais do que sempre fui,
Talvez seja porque, hoje sou eu e você.

E se amanhã chover, eu irei estar lá,
Porque se você ao meu lado estiver, 
Feliz, completo e bobo contigo estarei,
Basta apenas sorrir, e dizer que me quer.


J.