Isolamento; acho que às vezes esse estado é a condição mínima para que eu
escreva com um pouco mais de racionalidade. Dois mil e treze não chegou muito
educado, essa coisa de classificar o ano com um adjetivo que possa
personaliza-lo é frescura, você sabe e se não sabia, sabe agora, algumas
pessoas são perenes no tempo, não importa se os anos passam e tantas coisas
acontecem.
Eu perdi um amigo no começo de janeiro, não que eu tenha perdido a sua
amizade, mas o prazer da sua companhia, ele tem uns escritos aqui no blog,
assinados por “L”, ele que fundou o blog comigo, se o proposito disso aqui era
ter um design mórbido, agora tudo aqui tem um contorno meio mórbido, tanto faz
se você olhar superficialmente ou der uma extensa vasculhada. Sinto que eu
deveria falar sobre meu amigo e é isso que vou fazer, pois bem, ele é um cara
que leva as coisas a sério, leva diversão a sério, leva o estudo a sério, a
família e os amigos a sério, leva a saúde a sério, leva datas e horários a
sério, leva o Discovery channel a sério, leva até esses rituais de comemoração
a sério, por mais bobos que sejam, em suma, leva a vida a sério, se você está
se perguntando por que eu o descrevi no presente, não se preocupe caro leitor,
tenho o prazer de lhe explicar, acabei de ser iluminado por essa ideia... “É, de
ser e não de foi”, porque a existência física não é parâmetro de classificação
dos amigos de verdade no tempo passado, ele é e será, porque seus amigos e
família enquanto existirem sempre o serão; amigos e família de Lucas.
Parando para pensar agora, eu sempre achei que as pessoas que levam a
vida a sério demais não aproveitavam muita coisa e eram um bocado chatas, eu
estava errado, porque Lucas mostrou que a vida pode ser aproveitada sem que
sejamos obrigados a seguir aquela receita de bolo clichê, que diz; “foda-se
tudo e faça o que quiser” como eu pareço seguir, eu sei.
Lucas gozou a vida dando séria importância a comer duas embalagens de
miojo, dançando sozinho no quarto, implicando com o irmão mais novo, me
complexando com críticas pelo mero prazer de me ver complexado, e muitos outros
momentos com Cristiane, a Ellen e tantas outras pessoas, que na noite ou fora
dela eram sempre alvo do apreço e dos planos que Lucas fez. Às vezes eu não o
encontrava em casa, ele estava na casa da tia Lurdinha, sua madrinha, outras eu
o encontrava em casa e ele estava encolhido ao lado da mãe, como uma criança
que pedia colo, ou só esperando o café que Ivonete fazia especialmente para
ele, garoto mimado desenvolveu um método bem interessante de fazê-la sentir-se
satisfeita em servi-lo, sagaz, eu notei.
Lucas às vezes tentou me bancar o cupido nos dias de festa, me encorajou
a seguir com desejos bobos, se absteve de reclamar das coisas que sabia que não
iria adiantar, e tinha um jeito legal de me fazer sentir especial, não que ele
queria que eu me sentisse assim, Lucas não gostava de encorajar meu ego
(ninguém gosta), mas eu me sentia especial quando ele dizia que eu entendia
perfeitamente o que ele queria dizer e completava o que ele não podia expressar
corretamente.
Não há saudade de ex namorada que se compare a saudade de um amigo, e eu
sinto a falta do Lucas, todos os que o conheceram ainda sentem, sinto falta dos
conselhos que só ele era capaz de dar, das piadas sujas que podíamos rir sem
ninguém entender, eu queria poder derrota-lo em um jogo de sinuca, não lembro
da ultima vez que eu ganhei. Ser amigo como Lucas é, trata-se de tornar a
amizade imortal, de ter algo a ensinar com originalidade, de cultivar as
peculiaridades, de valorizar as coisas responsavelmente corretas, de mesclar a
inteligência e a tolice, equilibrando-as com sorrisos e também de ser chato por
simplesmente querer.
Lucas conheceu a mais bela das
faces do amor, costumava exalar a êxito e partiu como um vencedor, amado por quem
o conheceu, e respeitado por quem escutará suas estórias.
Ps: Te
amo pra sempre, com e sem lágrimas...
J.