Quem sou eu

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Salvador, Bahia, Brazil
Tentado pela maçã que invade seu pseudo-espaço, angustiado pela irresolução que se lança sobre suas fantasias, instável como um big bang caótico, que se faz em uma rubra pincelada em um céu vazio, perdido de uma viagem eterna em um mar de consciência flutuante, eis o navio de cristal, eis três viajantes em um mesmo barco, tão frágil quanto a relatividade de suas emoções, sozinhos a buscar pelo ideal perdido, doce vicio, quanto ao qual é escrever sobre o que há de ser, pensar, fazer, sonhar e por fim realizar.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Campari em taça de cristal

Eu sou água, é natural que diferentes correntes me levem, algumas vezes são tão fortes que não posso evitar; angústia, dor moral, aflição. Vontade de chorar e incapacidade de fazê-lo, às vezes até esquecemos que sentimos essas coisas, às vezes essas coisas nos dominam, portanto eu conto os dias, eu faço um relógio em contagem regressiva para dar fim à causa desse sentimento, ser livre é romper a dor que você suporta, é fazer isso todos os dias.
Camarada Y, a revolução tem de ser concluída em você mesmo e então será possível o passo seguinte, apocalipse; as conseqüências são inevitáveis, um monstro antes de ser monstro é solitário e amargo, estamos rodeados de causas, como gado em um pasto cercado. Unidos em decepção eu descrevo o caminho; se entregue as moças que te fazem negligente com seu coração, não há prova de fogo mais ardente. O amor aliena, mas também cura, tortura e traz a tona tudo aquilo que te aperta o peito, veja o resultado de você mesmo, ame e se olhe no espelho, faça enquanto for capaz. O desprezo se faz mais forte por quase tudo aquilo que você conhece melhor, o sabor amargo envenena, enferruja. Serei direto em minha escrita, mais nominal e aberto, polido pela coragem, jogo fora esse sentimento, nem doce ou salgado, assim simplesmente amargo, inadequado, foi o que você disse sobre minha escolha ingênua, está certo.
 Degustada a minha sensação fugaz, eu exalto o teu aclamado poder, o poder para fazer o que quiser: Tim – Tim, o bater das taças.
J.  

domingo, 22 de janeiro de 2012

Fome

Fome é quando seu corpo se consome, fome é quando seu vazio se faz constante, fome de quem escreve aqui é ilusão, cemitério de domínio público com limite de lotação.
 Fome de verdade enfraquece, degenera e degrada. Fome por verdades que afunda, pois quem busca o faz de forma errada; areia movediça, curiosa e traiçoeira; e fuma e bebe e vende, e compra e cheira e briga, e reage ao mundo todo sem jeito, de dentro do buraco mais fundo, mais fétido, mais pegajoso, vaga-lume de brilho negro que se funde em escuridão, dias contados no fundo do poço da perdição, e já foi doença, e já foi vicio, e já foi puro conflito de natural instinto, e sempre, sempre será o habitat, paz não há pra quem mora lá. Celebrando a fuga, dão as mãos, se juntam, se chamam e se usam nessa podridão.
 Quem chegar ao inferno primeiro ganha, brincadeira que pra mim não é estranha, até seu irmão fazer isso, até você ver teu possível reflexo tomando forma, chega, chega disso, sai dessa meu amigo, fica vivo até quando for possível, esse teu ritmo não difere do meu possível suicídio. A desgraça tem de ser mais lenta, assim assusta, perturba, envenena. Desgraça de quem tem fome é inevitável, sua busca vai se fazendo insaciável. Livre é quem se foi, quem desistiu, quem abandonou a esperança, eu não, ainda não, voltei com fome.
J.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Ausência

                    
Eu quero poder descrever cada palavra e seu significado em mim, assim, submerso nessa água em que me esqueci de respirar, na verdade eu tentei respirar sim, mas a realidade é intragável.
Meu niilismo é o abandono desse ar que necessito, é a conformidade com a maré, e meu posterior isolamento em uma dessas cavernas subaquáticas, representa a falta de propósito e lógica em que agora me expresso. É a ausência da minha personalidade, personificada em um objeto. É a extremidade de um pólo em inexistência física. É a frieza da distância. É a adaptabilidade de quem pode ser o que for pra quem quer que seja, sendo assim, mudo de impressões, em analises inúteis porque são só minhas, sem ações de efeito porque essas ou destroem tudo ou fomentam uma ilusão, não há meio termo, mas cada vez mais sou mais eu e não palavras, nem datas comemorativas ou ritos de passagens sociais, será mesmo que preciso justificar cada “foda-se” que direciono? Ou julgar cada fato que me afeta? Eu nem sei se vou me suportar, em um só corpo, eu sei que não.
Não é vazio, não é comodidade ou devaneio de quem parou para prestar atenção no tempo, é baixa freqüência, é a saudade do meu ser intenso, do coração que bate forte, do corpo que inevitavelmente treme, são os sintomas de um corpo frio que me alertam para queimar novamente, estar presente, entrar em erupção, o mar todo em ebulição.
J.