A gangorra que vem e vai na estrada dos
loucos, o impacto que se soma na calada da noite ilumina o horizonte com uma fogueira
incessante, cheiro de morte, gordura grudada no estofado, ferragens contorcidas
da gaiola humana artesanal, arte contemporânea é isso, mas eu não fico pra ver.
Isso não me interessa, mas tenho que
admitir, é um dos ramos do fluxo do tempo que o futuro fim de semana me
reserva, eu não acredito nisso, mas tive que escrever, eu não achava isso
certo, mas tive que fazer, eu desprezava isso de tal forma que nenhum adjetivo
seria suficiente para caracterizar o meu desprezo, mas por capricho mostrei-lhe
um pouco da minha repulsão.
Eu confesso:
- De nenhuma outra forma poderia ser mais
sincero, de nenhuma outra forma obteria o prazer proveniente dos riscos de
todos os conflitos e perigos, de nenhuma outra forma poderia ser mais fiel ao
meu instinto.
Eu penso:
- Tolice é a forma ingênua com que se
externa um impulso, tolice é reprimi-lo, é quase como um aborto prematuro de si
mesmo, mas não leve isso ao pé da letra meu caro, existem limites que delimitam
se o impulso pode ou não se externar, todos eles estão na sua cabeça, não irei
mentir.
O mínimo que pode fazer é estar preparado
para lidar com as consequências, se você estiver numa fase ruim, seu impulso
será como o de um sádico em autodestruição, se estiver equilibrado o impulso
não será forte quando ruim, logo sua atitude será como aquilo que chamam de “o
melhor a se fazer”, se você não for um prodígio, só através do erro irá
acertar, foi o que aprendi.
Eu concluo:
- Minha apologia é descarada,
incensurável, é o que torna a divina comédia mais engraçada, é o genocídio do
medo, mas é para uma plateia restrita, é para aqueles que veem a vida como ela
é, não como querem que seja, para os que desejam a chave da gaiola e estão
dispostos a garantir sua própria segurança.
As pessoas não desejam liberdade no
sentido de poder fazer o que quiserem, elas anseiam desesperadamente por um
homem ou uma instituição que as digam o que fazer, o mínimo de liberdade já
lhes é suficiente se ao menos sentem algum conforto. Para quem gosta de voar
alto com todos os riscos da queda fatal, impulsiono o pulso do despertar e vos
digo: vocês não estão sozinhos.
J.