Quem sou eu

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Salvador, Bahia, Brazil
Tentado pela maçã que invade seu pseudo-espaço, angustiado pela irresolução que se lança sobre suas fantasias, instável como um big bang caótico, que se faz em uma rubra pincelada em um céu vazio, perdido de uma viagem eterna em um mar de consciência flutuante, eis o navio de cristal, eis três viajantes em um mesmo barco, tão frágil quanto a relatividade de suas emoções, sozinhos a buscar pelo ideal perdido, doce vicio, quanto ao qual é escrever sobre o que há de ser, pensar, fazer, sonhar e por fim realizar.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Batom Vermelho

Eis minha ideia, eis uma charada,
Eis seu domínio, eis minha piada,
Eis um dilema, eis sua opção:
Usar ou não aquele batom.

Eis uma coruja confusa e animada,
Eis uma gatuna indecisa, solitária.
Eis um poema de simples razão;
Gozar, usurpar, doce inspiração.

Imagens que faço na minha boba cabeça,
Eis minha paixão dizendo endoideça.
Haverá um encontro, mas antes decisão;
Com ou sem teu rubro batom?

Minhas pálpebras pesam,
Meu coração clama teu nome,
Serve-me com tua saliva
Ou durmo e morro com fome.

Eis nossa transa ou eis ilusão?
Fogo que não queima é martírio, implosão!
Pois bem, uma coisa é mais que certeza.
Com ou sem teu batom, te desejo;

Amanhã não esqueça!

J.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Asteróide ZYBX

- Insistem em falar do que não entendem. Aquela velha história, o apego a sistematização padronizada do pensar, se prova a cada dia, a multidão se trancou com a ignorância, sem entender o fluxo distorcido de palavras, que viam ao ler os escritos, encontrados misteriosamente na margem do lago congelado; eis o tumulo dos intelectuais que buscavam a história, o contexto e o começo para aquele manifesto: Assim disse o criador! Nenhum deus ou algo que o valha, simplesmente uma criança de oito anos de idade, no duro! Cabelo grisalho, pele enrugada, usava até uma bengala um bocado enfeitada e na época do são João, perambulava por aí, correndo e estourando bombas dentro de blocos carmesin.
 Tudo que era incomum despertava a curiosidade daquela criança, e seguindo assim, em pleno pós modernismo, em que novos conceitos costumavam ser formulados a partir da idéia de gerar novas formas de se extrair, produzir e consumir, a pequena criança só pensava em criar tudo que seria impensável, algo a mais, além das formas geométricas conhecidas, algo que não pudesse ser desenhado com as curvas possíveis de se fazer com a tinta, além de todas as dimensões existentes. A velha criança criou uma espécie de coisa, inominável, essa coisa foi posta em cima de um lago congelado, esse lago estava lá mesmo antes dos humanos criassem qualquer forma de comunicação, essa espécie de coisa funcionava toda vez que alguém visitava aquele espaço e olhava para o gelo, a dita cuja coisa e tralha, transmutava as palavras afogadas no subconsciente daquele alguém, para a margem do gelo, as palavras mais comuns eram: ingenuidade, outrora, desapego. O objetivo daquela criação era transpor os sentimentos de uma criança para um adulto, para que esse pudesse, por exemplo, transmutar as maquinas que só existiam em seus sonhos, (uma maquina que fizesse chover hambúrguer, quiçá brócolis) talvez assim a coletivização daquele conhecimento pudesse tornar o mundo melhor.  
 A civilização logo tornou ponto turístico aquele lago congelado. Os adultos responsáveis, engravatados, tomaram conhecimento e decidiram investigar a origem daquelas palavras, um trator e uma escavadeira, logo se tornaram protagonistas daquele palco congelado, então não havia mais palco, nem dita cuja coisa e tralha, apenas escombros e um caso jamais desvendado.
 A criança lamentou sobre aquele caso, decidiu viajar por aí com seu asteróide ZYBX, dando aos formigueiros redondos que encontrava em seu passeio, a oportunidade de se libertar das leis de Newton, a possibilidade de um mergulho em um sonho real.                                  
                                                                                                           J.

Visões de sangue, Pura Podreira de dentro

Droga,está tudo embaçado, agora estou dançando , está chovendo, estou deslizando, o tempo vai mudar e meu hambúrguer está melado com essa merda vermelha. Olá, você pode ver também? Dinheiro e ganância, as crianças são manipuláveis, usáveis, rentáveis. É tão fácil , quando elas me olham, um raio de pensamento e ignoro, é tão fácil, todos os olhares mirados pra mim, agora estou bem fundo, em sua caverna intima, o que me diz? Eu continuo nessa rua, estão lavando com detergente e posso cair em cima da minha sombra a qualquer hora, eu disse: - Sombra! Pare! Deixe-me ir à frente! , então eu escorrego e posso ver debaixo daquela saia sinuosa e grito: - Sombra! Vamos! Congele o tempo! , não preciso comentar sobre a impotência desse tipo de imposição. Minha família, vinte cigarros charmosos e posso nomear cada um deles, eles ficam gritando , repetindo e enchendo: A morte está se formando, formando-se está a morte, horror, impotência, gangrena e mais algumas porras aleatórias. Ah, delicioso, mortífero, não é um substituto, mas pensando bem, exerce bem a função da saudade que tenho delas, função de um sado-masoquista qualquer. Pesadelos em que procuro por sonhos onde provei daquela fruta, no parque de diversões, a montanha russa foi meu carrossel, é bem verdade que a realidade não sacia a sede, a fome e quaisquer necessidades de uma expressão artística, como pseudo artista, eu deito no meio da pista, fecho os olhos e escuto a borracha rodando no asfalto; a revolução industrial tem lá sua poesia.
 Estou te vendo em pé, arrumada, bonita, tudo é tão legal, despida, porque não? Estou transando com sua imagem santificada pela vaidade, a temperatura do meu corpo se eleva e de repente eu acordo, doce vagina [...].  Vamos caminhar pela cidade até o ultimo brilho lunar? Você é louco ela diz! Eu danço na lama em que ela pisou e continuo a rodar, agora estou na revista ao lado da minha maquina destruída, muro desgraçado, estamos procurando por quem espera, só para parar apontar e rir, porque não? Prazer, eu te degolei, você era gordo, fantasma da intolerância criada por uma convenção, na verdade, não faz diferença. Não escrevi pra você gostar, era pra você ter um colapso e bater também. Idiota? Hoje amanhã e sempre. Com essas palavras eu controlo suas sensações, vôo e mergulho, personagem principal daquele clássico clichê. Esse sangue é muito bom, você poderia provar um pouco, menstruação labial! 
                                                                                                           J.

Pós inspiração de um suicida

P2: - O que você está pensando?  O que você vai fazer agora?
P1: - Pra você e somente você saber, nesse instante só penso em morrer, mas não tenho certeza se esse é o desfecho correto, o mar ou uma faca? Hemorragia ou afogamento? Opine, por favor!
P2: - Bem, não pense em besteira, você ainda tem muito pela frente.
P1: - Resposta errada, você não é diferente, eu enxergo claramente um corvo negro atrás de você, você ainda não sabe, mas você também ama a morte, e ela sim, é uma boa amante, acho isso de certa forma engraçado, afinal, a morte está me perseguindo, aqueles que amam a morte, são amados pela morte, e só por isso você está comigo aqui agora, junto de mim, junto com ela.
P2: - ...
P1: - Pelo caminho árduo de um demônio, perdi meu mapa e sem perspectivas só me resta coragem.
P2: - Esse é o doce da vitória? Ou o amargo da derrota?
P1: - É tudo uma possibilidade, eu quero mesmo é manipular o destino, agarrar o momento de ouro, eu vou fazer um rosto inexpressivo e olhar além da distancia, você também pode, estou aqui para erguer, arrastar os que estiverem comigo, até onde eu puder chegar, eu ainda não entendo direito, mas eu grito isso pra mim mesmo, nem o sol, nem a sorte, completa esse meu jeito.
P2: - Eu nenhum momento pensei de outra forma, mas agora estou determinado a ficar aqui até o final.
P1: - A solidão e amargura roubaram as palavras do seu pensar, você está limitado a ser, fazer, ou estar, mas eu acho que nem sempre foi assim, tente se lembrar.
P2: - ...
P1: - O vento é mesmo surpreendente, não tem outra maneira de se sentir mais intensamente vivo, do que estar à mercê.
P2: - ...
P1: - É verdade, ele quebrou minha casca, quebrou o asfalto, limpou os prédios, trouxe a tona o que hesitam em enxergar, a verdade de tudo aquilo em que não há. E não por alguém, não é de ninguém, o nosso presente.
P2: - ...
P1: - Apresso-me como um perseguido, esperar é um desperdício pra pessoas como eu.
P2: - E agora você está de pé, irônico e determinado, me deixe ser sincero, desfazendo a dor o coração e a sombra, eu escolheria afogamento, não sei amolar facas, manipule o destino presente.
P1: - Não terminará, isso vai até onde eu permitir.
                                                                                                           J.