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Tentado pela maçã que invade seu pseudo-espaço, angustiado pela irresolução que se lança sobre suas fantasias, instável como um big bang caótico, que se faz em uma rubra pincelada em um céu vazio, perdido de uma viagem eterna em um mar de consciência flutuante, eis o navio de cristal, eis três viajantes em um mesmo barco, tão frágil quanto a relatividade de suas emoções, sozinhos a buscar pelo ideal perdido, doce vicio, quanto ao qual é escrever sobre o que há de ser, pensar, fazer, sonhar e por fim realizar.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

OBLUDA. KIERÁ NEMÁ SVÉ JMÉNO

  Há muito tempo existia um monstro sem nome. O monstro não suportava o fato de não ter um nome. Então ele decidiu sair em uma jornada para encontrar um nome pra si. Mas, por o mundo ser tão grande, o monstro se dividiu em dois e eles foram em lados opostos. Um foi ao leste, e o outro pro oeste. O que foi para o leste encontrou uma vila. Havia um ferreiro na entrada da vila. – Senhor Ferreiro, por favor, me dê seu nome! - disse o monstro.
                      – Não posso lhe dar meu nome! - respondeu o ferreiro.
                      – Se me der seu nome eu vou pular dentro de você e te fazer forte em troca! - disse o monstro, confiante.
                      – Mesmo? Darei a você meu nome se me deixar forte. - respondeu o ferreiro, cedendo à oferta.
  O monstro pulou para dentro do ferreiro. O monstro virou Otto, o ferreiro. Otto foi o homem mais forte da vila, mas um dia...
                      – Olhem para mim! Olhem para mim! O monstro dentro de mim cresceu tudo isso! - alertou, sobre um palco no centro do vilarejo e aos berros.
  Morde. Mastiga. Tritura. Engole. O monstro faminto comeu Otto de dentro pra fora. Ele voltou a ser um monstro sem nome. Embora tenha pulado dentro de Hans, o sapateiro... Morde. Mastiga. Tritura. Engole. Ele voltou a ser um monstro, de novo. Embora tenha pulado dentro de Thomas, o caçador... Morde. Mastiga. Tritura. Engole. Mais uma vez ele voltou a ser um monstro sem nome. Ele foi ao castelo para encontrar um nome maravilhoso. Dentro do castelo havia um garoto muito doente. – Vou te fazer mais forte se me der seu nome. -disse o monstro.
                     – Eu te darei meu nome se você puder curar minha doença e me fazer mais forte.                                                                                                          
  O monstro pulou para dentro do garoto. O garoto ficou bem saudável. O rei estava contente.                                                             
                     – O príncipe está bem! O príncipe está bem! - contente, disse o rei.
  O monstro adorou o nome do garoto. Ele também cresceu adorando sua vida no castelo, e por isso ele resistiu, mesmo estando faminto. Todo dia, mesmo quando seu estômago ficava bem vazio, ele resistia. Mas, quando ele ficou faminto demais... – Olhem para mim! Olhem para mim! O monstro dentro de mim cresceu tudo isso! - mais uma vez alertou.  
  O garoto comeu seu pai, seus servos, todos. Morde. Mastiga. Tritura. Engole. Por todos estarem mortos, o garoto saiu em uma jornada. Ele caminhou por dias. Um dia o garoto encontrou o monstro que foi para o oeste.
                     – Eu tenho um nome. É um nome maravilhoso.
  E então, o monstro que foi para o oeste disse:
                     – Eu não preciso de um nome. Sou feliz mesmo não tendo um nome. Porque nós somos monstros sem nomes.
  O garoto comeu o monstro que foi para o oeste. Embora tivesse um nome agora, não havia mais ninguém para chamá-lo pelo nome. Johann. É um nome maravilhoso.

(Trata-se de um conto muito bonito que vi em um anime, postado, depois de transcrito e editado para o formato adequado a um conto, deu muito trabalho. Monster, para os curiosos.)

Emil Scherbe.

5 comentários:

  1. Primeiro fiquei curiosa quanto q a minha dor "não ser real".....
    e segundo fiquei muito curiosa pra saber o nome do monstro que foi para o Oeste.
    É um belo de um conto. O anime chama "Monster" é isso? me interessei!

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  3. Esse conto foi desenvolvido por Naoki Urasawa em sua obra prima MONSTER. É interessante na obra que o autor dos contos utilizava diversos pseudônimos em suas obras mas a identidade verdadeira era Franz Bonaparta. Embora o foco seja no livro O Monstro Sem Nome, ao longo da obra demais contos dele são sendo revelados. Todos os livros embora fossem infantis contavam com uma violenta carga psicológica. Bonaparta realizava sessões de leitura com as crianças que considerava "superiores" em sua residência usada para esse fim, a Mansão da Rosa Vermelha.
    Simplificando bem a situação digamos que Bonaparta realizava lavagens cerebrais.
    É fato que isso é só uma parte da tramade Monster, que édeveras complexa. Mas se lermos os contos com atenção vemos ali mensagens psicológicas. O Monstro Sem Nome relata a situação do personagem Johann e sua irmã gêmea Ana.
    Vc chegou a ver esta obra?
    Fiz um artigo sobre ela : http://empadinhafrita.blogspot.com.br/2011/08/monster.html
    Gostaria de trocar idéias contigo e já te sigo! Se pduer me segue também!

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  4. Sim, eu vi esta obra... eu pesquisei superficialmente e constatei que ela está disponível para venda sob à autoria do Emil Scherbe. Eu sinceramente acho, que tudo relativo a Franz Bonaparta e demais especulações,são provenientes do próprio desenvolvimento da obra, na qual se atribui a ele à autoria do conto. Eu assisti o anime todo também...

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  5. Muito bom, obrigado por postar!
    Eu comecei a assistir o anime faz pouco tempo, estou no começo do trama do anime. Conheci o anime através de um amigo, o mesmo me indicou e também o descreveu como um anime "contagiante", pois uma vez que começa a assisti-lo, você quer assistir mais e mais, se envolver nos dramas, aventuras, cenas de ações e o mais importante descobrir os grandes mistérios que cercam a vida do personagem principal, Doutor Tenma.

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