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Salvador, Bahia, Brazil
Tentado pela maçã que invade seu pseudo-espaço, angustiado pela irresolução que se lança sobre suas fantasias, instável como um big bang caótico, que se faz em uma rubra pincelada em um céu vazio, perdido de uma viagem eterna em um mar de consciência flutuante, eis o navio de cristal, eis três viajantes em um mesmo barco, tão frágil quanto a relatividade de suas emoções, sozinhos a buscar pelo ideal perdido, doce vicio, quanto ao qual é escrever sobre o que há de ser, pensar, fazer, sonhar e por fim realizar.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Efeitos Entorpecentes (Postagem Especial)

 Compartilhando semelhanças e diferenças com Jim Carroll, à sua memória, a qual me inspiro para escrever esse texto;

 Quando eu era garoto, devia ter uns 8 anos, tentei fazer amizade com deus convidando ele pra brincar comigo porque eu me sentia muito sozinho. Ele nunca apareceu, tentei conversar com ele na minha cabeça, mas às vezes eu pensava em coisas tão bizarras em resposta as minhas perguntas, isso me fez perceber que deus era só minha imaginação em busca de um amigo imaginário, era só alguém que outro alguém me falou que me ajudaria quando eu precisasse. Isso nunca aconteceu. Eu até estudei em um colégio católico e frequentava a missa aos domingos, mas isso não quis dizer nada sobre o meu atual comportamento, não me lembro de ter tomado uma surra severa, eu sempre as enfrentei com uma raiva que se sobrepunha a minha dor. Eu também era filho de mãe solteira e molhei pela primeira vez minhas meias por volta dos 14-15 anos;
“Sinos tocam em meus ouvidos. Luzes piscando em meus olhos...”
 Vez em quando eu derrubava as roupas das pessoas de seus varais e corria delas por aí, o meu futuro era de certo brilhante. Tive uns problemas com complexo de inferioridade, para se manter em pé com esse tipo de paranóia, você precisa ter presença nas ruas, presença como um tigre e não como um gato, o gato passa metade do seu tempo correndo de cachorros ou tentando achar alguma presa insignificante, isso quando não tem de depender de um dono que o ache fofo ou coisa que o valha, um tigre consegue o que quer com a maior indiferença, em um único movimento e não tem que correr de ninguém. Um segundo ou dois no seu movimento voraz... Eu? Eu ando como um tigre.  
Não suporto esse jeito, meu calcanhar contra meu colchão, sendo o meu pé a única parte do meu corpo que não cubro com meu edredom, ficar assim até é legal, mas imaginar uma fantasia pesada de sexo para que eu pudesse gozar rapidamente e ter de esquecer meus desejos de homem, é de certo modo triste. Claro que quando me satisfaço fico tranqüilo, como plantas que se balançam de um jeito sexy em meio à brisa da noite, mais valor teria deitar-me nu ao lado de quem eu amo sob as estrelas, sendo minha excitação natural, consequente ao momento.
“O tempo voa quando se é jovem e está se masturbando”.
Às vezes choro quando imagino meu suicídio e todas as despedidas que eu não teria tempo pra fazer, a morte não incomoda, mas as despedidas sim. Fico pensando se vou ter tempo de escrever sob a forma de todas as idéias que tenho, conhecer tudo que tenho curiosidade ou viver um romance com quem eu espero, esperar é um desperdício, mas pra essas coisas a gente não costuma ter outra saída. Memorizo cada expressão daquela face, olhar fixo que reprimi meus impulsos.
“Eu me imaginei remando por um rio em águas negras, só que a canoa flutuava pra trás e não pra frente, estava cheio de nuvens e rostos riam como em um trem fantasma.”
Toda turma tem seu jeito de provar quem é o babaca, eu nunca me importei com isso ou pensei dessa forma, mas como os garotos do Brooklin, apertei um cigarro aceso contra o meu braço até apagar em seu filtro sem fazer o menor movimento. Na verdade já fiz esse tipo de provação em outros vários exemplos, esses vários exemplos correspondem ao meu nível de idiotice, mas tem que ter alguém para fazer essas coisas, do contrário não teríamos uma lembrança forte o suficiente para levar ao tumulo, ou do que rir depois, o problema é que ser esse alguém pode não fazer a mínima diferença...
“O navio branco desaparece na máquina de ondas hoje de manhã, seus olhos se fecham com correntes secretas, os exércitos de travesseiros de repente se libertam, como cavalos macios por desertos de brinquedo”.
Uma vez viajando em um dos meus sonhos de idiota apaixonado, eu perdi uma parte de mim, me senti tonto como se tivesse saído de um filme de 4 horas sem ter entendido nada, continuava pensando naquela ferida, e em como tudo tinha sido uma farsa, foi como perder um amigo próximo para a morte, mas naquela ocasião só o meu coração que havia parado. Na vida algo sempre acaba dando merda, a gente tem de curtir, eu concordo;
“Você está crescendo e a chuva parece que fica nos galhos das árvores que algum dia dominará a Terra. E é bom que exista a chuva, ela clareia os meses e suas tristes expressões de arco- irís. Limpa a rua dos exércitos silenciosos para podermos dançar”.
Eu já contei sobre a primeira vez que tomei o chá e tive um efeito decente? Não foi em um ambiente pesado, na verdade eu estava indo almoçar na casa dos gêmeos, de repente meu almoço se tornou efetivamente uma espécie de ritual xamã na procura do deus sol, mas na verdade estávamos cercados pelas ruas imundas que naquele momento não nos possuíam, eu sempre achei que poderia conciliar o rumo desse meu futuro brilhante com lapsos e distorções de outras dimensões, e eu posso, mas é claro, as conseqüências nem sempre me agradam, o segredo está na forma com que você obtém isso.
“Foi como uma grande onda de calor passando pelo meu corpo. Desapareceu todo sentimento de dor, mágoa, tristeza ou culpa que eu poderia ter”.
Meus excessos se justificavam com o lance do sábado a noite; Você fica legal como um super herói ou super astro do rock. É uma coisa para matar o tédio, entende? Você começa esporadicamente como um pequeno hábito, você se sente tão bem que começa a fazer nas terças, nas quintas e pega você. Todo cara que eu conheço diz que não vai acontecer com ele, mas acontece, a cada mergulho nesse estilo de vida fica mais difícil emergir;
“Você quer parar, você realmente quer, mas às vezes é como um sonho. Não pode parar os sonhos, eles se movem em pedaços malucos para onde querem ir e de repente você é capaz de qualquer coisa... Babing! Babang!”
Drogas são uma das coisas que tendem a te levar para um final ruim, mas quaisquer regras podem ser burladas, desde que quem o faça seja suficientemente mais esperto do que a regra em si, o interessante da vida é que muitas coisas além de drogas satisfazem o desejo de sentir o êxtase do momento, mas é ainda mais interessante e perigoso quando essas coisas causam as mesmas consequências que as drogas em si, eu costumo mergulhar muito fundo quando gosto de algo, quando esse algo é mais atraente que a realidade em si, logo qualquer coisa com uma embalagem mais atraente que a própria realidade é uma droga em potencial para gente como eu, você só aprende a moderar essas coisas com o tempo, tropeçando e fincando o rosto no chão, como em uma transa, fazendo com que seu nariz faça parte do asfalto quente enquanto seu sangue representa seu esperma, nesse contexto o amor é cruel com os iniciantes;
“Era um sonho, não um pesadelo. Um sonho lindo que eu não poderia imaginar em mil noites. Vi uma garota ao meu lado, que ficou bonita quando sorriu. Senti aquele sorriso em minha direção e ondas de calor em seguida encharcando meu corpo e se esvaindo pelas pontas dos dedos em fachos coloridos. E soube que em algum lugar do mundo, em algum lugar havia amor para mim.”
De repente você está largado em algum canto como se estivesse em coma ou algo que o valha, deprimido, desmotivado e muitas vezes inconsciente, uma apatia terrível, mas eu sei que não estou sozinho, sei que meu barato não é algo necessariamente ruim, é talvez o ponto de partida para abraçar a realidade, para construir uma identidade sólida e coerente, para encontrar o amor que o mundo reserva para mim, nem sempre dá pra conciliar as coisas, mas felizmente eu sei onde ela está, sei que farsas são os momentos em que me esqueço e fujo para outra dimensão, sei que esperar pode compensar, sei que as energias boas e ruins que sinto, nada tem haver com o deus que me apresentam, sei que a consequência negativa do meu objetivo já se faz nula, porque quando um coração que já parou volta a bater, é porque ele se tornou tão forte quanto o de um titã, e eu o sou, ou pelo menos gosto de sonhar assim.
J.    

3 comentários:

  1. Vim conhecer seu blog!
    Gostei!
    abraços

    venha nos visitar
    http://uaimeu10.blogspot.com.br/2012/03/casona-de-arvore.html

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  2. oie, parabéns pelo teu blog, super interessante, sucesso com ele.
    da uma olhadinha no meu depois =]

    Estou te seguindo, segue de volta.
    http://vida-fragil.blogspot.com.br/

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  3. Adorei o texto. Fascinante e envolvente.
    "porque quando um coração que já parou volta a bater, é porque ele se tornou tão forte quanto o de um titã" - genial!
    Parabéns.

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