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Salvador, Bahia, Brazil
Tentado pela maçã que invade seu pseudo-espaço, angustiado pela irresolução que se lança sobre suas fantasias, instável como um big bang caótico, que se faz em uma rubra pincelada em um céu vazio, perdido de uma viagem eterna em um mar de consciência flutuante, eis o navio de cristal, eis três viajantes em um mesmo barco, tão frágil quanto a relatividade de suas emoções, sozinhos a buscar pelo ideal perdido, doce vicio, quanto ao qual é escrever sobre o que há de ser, pensar, fazer, sonhar e por fim realizar.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Vingança do papelzinho: O Desejo de um palhaço



Saco, não vejo graça nas coisas que todos fazem, gostam ou desejam, beleza explicitada é o que a maioria almeja e todos sabem, o dia destrói a noite,a noite divide majestosamente o dia, você pode correr, tentar se esconder, mas a única solução virtuosa é atravessar para o outro lado, é o que acho. Poderiam todos os relógios organizadores do tempo pararem ao mesmo tempo e mesmo assim nessa ocasião, caótica talvez, muitos de nós faríamos o mesmo, principalmente se fosse noite, depois entraríamos em um colapso que distorceria todos os hábitos chatos e entendiosos, aludidos por vícios como a repetição de um mesmo beijo ou um sonho em um navio estampado em cristal, momento maroto,que poderia ser incitado por qualquer viajante, manifestação magistral de um palhaço delirante em seu jardim de gira-sol, irritado pois ostentava o desejo que seu jardim fosse de gira-lua, e que todas as flores pudessem carismaticamente, sorrir para o seu jardineiro fiel, sem hesitar. Desconhecia o conceito arbitrário de limite, pois na sua casa não existiam portões, em seus sonhos,as crianças outrora cavalgavam uma cobra de sete milhas para um lago até o amanhecer,todas desferiam balas com o prazer do suave deleite na mira do coração dos velhos, estáticos os velhos se tornavam moveis, uma vez derretidos de sua solidez morriam horrorizados com o ato e efeito de acordar do inverno, choque térmico em verão. Otimizando seu sonho distorcia a realidade e assim nem notou quando o relógio parou já era comum sentir a sensação de um encontro de dois rios, a lembrança de um encantador mergulho naquele turbilhão, fazia valer o extermínio de seus receios, entristece-me saber que ele sofria, encontrava no breve mergulho, monstros vorazes, porque nem sempre o turbilhão o queria, mas não era essa a causa de sua dor, emergia dos mergulhos que eram breves, pálido e sem cor, por ser breve,doía. Não lapidou, não fixou, não desfrutou do suave deleite, tudo que ele queria era tornar real, especialmente o que ninguém acreditava, o que por vezes o cegava, o que por vezes, mortalmente, o feria. Sim, suas flores gira-sol tinham espinhos, ele queria mesmo era oficializar a colheita das pétalas das gira-lua e nelas escrever como em papel palavras raras e invisíveis para o tempo. O palhaço enganou a todos os ladrões de sonhos, teatralizou seu plano e seu sonho foi superestimado e roubado, quando descobriram aranhas e escorpiões fincados as suas palavras, escritas em pétalas de gira lua, decoradas com tinta invisível ao tempo, os ladrões foram picados pela surpresa do arco-íris sem pote de ouro. Para tornar real o querer do palhaço era preciso que ele enfrenta-se a dor da brevidade de um mergulho e depois durante um outro mergulho manobrasse sua consciência para um lugar mais denso e conciso, mergulhos breves originavam febres fúteis, as quais esvaziavam o leque de sonhos do delirante palhaço. Capricho açucarado em demasia, sonhar em um mundo sem definições para o tempo, artesanal por completo, mas para o palhaço, realidade entrelaçada a proximidade da ótica de um sonhador, que por osmose fixava na noite seus desejos refletidos no desbravamento de mergulhos breves ou não, não era capricho algum. O ápice de sua ordinária e poética aventura (foda-se a semântica) foi descobrir que tornar real seu penoso desejo só era possível durante mergulhos finitos, longos ou não, a descoberta atípica foi que ele só precisava continuar mergulhando, depois de sua revelação, sedento, o palhaço passou a amar o jardim de gira-sol, oficializando a colheita de suas simples pétalas amarelas, escreveu em uma delas uma frase invisível para o tempo, adepto e inspirador dessa nova percepção, o palhaço induziu o autor dessa historia depreciativa a exterminar a síntese de parágrafos,bem como qualquer importância que o significado dessa narrativa possa ter, afinal tudo esta sintetizado naquela rara frase.


(Texto modificado para uma versão mais simples já que o original é uma dedicatória a uma garota)
J.

3 comentários:

  1. Puxa, este texto é complexo e ao mesmo tempo genioso, a primeira leitura entende- se uma coisa, na segunda em diante entende-se várias outras coisas, pois, este seu texto é diferente e único.Nossa, e seu texto ainda foi reduzido, vixe você deveria estar inspiradíssimo. Grande abraço.

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  2. Maravilhoso...... Ainda estou absorvendo tudo, como quer experimentar todas as balas juntas, misturar doce com salgado. Me vejo no palhaço, no gira-sol e na expectativa de ser gira-lua.

    pra mim entrou no hall da fama dos melhores textos!

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  3. Como diria Cazuza no final de um show, obrigado.

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